segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

A Vida em 4 Anos

Não sei se o mundo é bom

Mas ele está melhor
Desde que você chegou
E perguntou:
Tem lugar pra mim?


Há 4 anos seus olhos abriam para o mundo, exatamente 09:30 daquele dia 14. No dia em que completávamos nossa 42ª semana de formação (da sua vida e da minha nova vida). Nosso perfeccionismo foi fortemente contemplado nessa hora e nessa data. Tudo exatamente!


Aquela foi a primeira de muitas noites que a mamãe ficou sem dormir por você. As luzes de Natal pareciam cantar a música das nossas contrações. Foram quase 12 horas de trabalho conjunto, meu e seu, para que você chegasse aos meus braços. 

É verdade que a mamãe fugiu da maternidade porque um médico queria nos fazer um parto cesárea. Não podia deixar seu plano de fuga do meu ventre ir por água abaixo. Tinha que ser como nós dois havíamos combinado durante todas as semanas que esperamos pelo dia em que a natureza nos daria sinal verde. 

Foi a madrugada mais longa da minha vida. Lembro de rir por muitas vezes entre uma contração e outra, pois sabia que em pouco tempo poderia olhar em seus olhos. Fiz todo o ritual: ginástica, música, respiração e água. 

09:30 em ponto você nasceu. Minha alma foi dividida naquele instante em que eu senti meu corpo sendo dois. Você não chorou e logo chegou em meus braços. Quanto cabelo! E seus olhos logo fitaram os meus. Seus lábios abriam como se quisessem dizer algo, mas fui logo adiantando: "bem-vindo ao mundo, príncipe". Depois disso não contive minhas lágrimas, te apertei e beijei. Naquele instante, nascia, além da sua vida, um sentimento que também gestei durante aquelas semanas: o amor de mãe. 



Por 42 semanas pulsei com dois corações e, agora, pelo resto da vida meu coração estará em ti.




A maternidade trouxe muitas dúvidas. Será que eu conseguiria cuidar de você? Como você aprenderia a comer, falar, andar e fazer tantas outras coisas? Mas a mamãe gosta mesmo de um desafio. Vamos lá, ser mãe desse garotinho. Comecei pelos livros! Desde que estava em meu ventre foi o que mais comprei para você. Durante a gestação li tantas histórias para você "dormir" e uma em especial o fazia remexer: a história do rei Davi. Você pertencia a este nome mesmo antes de existir. Tive tantos sonhos ao longo da vida com um Davi e sempre soube que seria você. 


Você foi o bebezinho mais tranquilo que conheci. Não lembro de você chorar. Sofria caladinho na fome, quando a fralda estava cheia ou mesmo quando queria um carinho. Você não acordava durante a noite, o que fazia com que eu levantasse toda hora para verificar se você ainda respirava (acho que é complexo de mãe nos primeiros meses de vida). Tão sereno! Tão risonho! 




Não gostava muito de chupeta. Deixou de amamentar no dia em que completou 10 meses, por livre vontade. E eu que sofri com isso. Antes eu do que você, foi o que disse a pediatra.  

Desde cedo já balbuciava e sua primeira palavra claro que foi "mama" ou "mamamamamamama". Era assim quando eu chegava perto. Hoje é mais ou menos assim: "mamãe, você voltou? Eu estava com saudade de você! Você está tãããão linda!".


Como você cresceu! Aprendeu a andar no primeiro ano, largou as fraldas no segundo. Já ultrapassou a marca de 1 metro há muitos meses. Já sabe escrever seu nome, já conhece todas as letras do alfabeto, já faz contagens, já sabe nadar melhor do que eu. Diz coisas que me fazem rir: "mamãe, vamos tirar o bicho amarelo dos dentes", "mamãe, depois você compra aquela menininha da televisão para brincar comigo", "mamãe, depois você me leva na sua escola para eu andar de elevador". E coisas para me impressionar: "mamãe, você é tão engraçada", "mamãe, você está bonita com essa roupa", "mamãe, eu gosto do seu cabelo e dos seus olhos", "vem cá, mamãe, eu tenho que te dar um beijo e um abraço bem forte porque você é tão boazinha". 




Parecemos tanto. Não só no cabelo! Somos amantes da música e da dança... Facilmente nos pegamos criando letras e fazendo uma dancinha... Somos pacientes... Nada que ninguém faça consegue te fazer agressivo. Somos românticos... Você gosta de elogiar e ser elogiado, gosta de dar e receber carinho. Somos engraçados... Não há clima nem dia que impeça nossas palhaçadas e sorrisos. Somos de fazer amizades... Acreditamos que todo mundo é amigo e tem boas intenções até que se prove o contrário. Somos sentimentais... Você chora se eu choro e meus olhos inundam só de lembrar disso. Talvez quando Deus te enviou ele estivesse pensando que eu estava precisando mesmo de alguém para dividir minhas lágrimas. E não é porque sou triste, mas porque sou chorona. Do tipo que chora por qualquer coisa, por filmes, reportagens, pelos outros que estão chorando. E ser sentimental não significa ser fraco. Quantas noites já passamos em hospital com você em crise de asma? 


Muita gente pergunta como a mamãe dá conta de tanta coisa. É verdade! A mamãe estuda, trabalha e ainda é sua mamãe, mas aprendi com você que mais do que nunca eu devo percorrer meus sonhos, devo arriscar nos caminhos que acredito serem certos. Preciso ser feliz para que você também seja. Então, não é tanta coisa. É tudo que nos faz feliz. Muitas vezes deixamos de passear porque a mamãe precisava estudar um pouquinho, mas sabe o que isso te ensinou? Que conhecimento é o único bem que ninguém rouba da gente e, por isso, não podemos deixar de estudar nunca, mesmo quando você estiver grandinho.


Nossa vida também é feita de muita fantasia, diversão e aventuras. Fazemos juntos os trabalhos de escola. E quanto você já aprendeu! Conhece histórias de folclore, Monteiro Lobato e Mauricio de Sousa. 


Reza a lenda que o umbigo deve ser enterrado em algum lugar e o destino da criança será influenciado por este lugar. Sabe de uma coisa, filho? Eu não enterrei seu umbigo. Ainda está guardado em uma caixinha. Eu não queria predestinar o seu futuro assim (risos), porque eu vou ser a mãe que vai estar ao seu lado para onde você quiser ir no mundo e ao meu lado sempre terá um lugar para você sentar (ou deitar).



Algumas pessoas acham estranho eu ser sua mãe (rótulo social de mãe nova). Sabe o que eu acho disso? Que eu tenho muita energia para rolar com você na grama; esconder debaixo da cama, da mesa e dentro do armário; fazer cabana com o cobertor; andar de bicicleta, de patins e de skate; pintar o rosto; usar tinta; queimar a mão na cola quente; espalhar Glitter pelo chão; ficar cheia de hematoma; sair correndo na chuva porque não queremos abrir o guarda-chuva; correr pelo estacionamento para pilotar nossa nave espacial; ficar invisível quando colocamos óculos escuro; subir em árvores; descer no escorrega; fazer desenhos com a espuma do sabão; escrever nossos nomes em vidros; sujar a cozinha fazendo experimentos; dar minhas unhas para você pintar e meu cabelo para você pentear; e mais um tanto de coisas que fazemos juntos. 



Foram só 4 anos? Parece que somos amigos a vida inteira. 

Que bom que foram só 4 anos! Assim teremos mais 140 pela frente. 

E sabe o amor de mãe? Descobri! É infinito.


Fernanda Garrides
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