O fim do mês de maio foi marcado, lamentavelmente, pela notícia do estupro coletivo no Rio de Janeiro. O caso ficou conhecido após um grupo de homens filmar e compartilhar nas redes sociais a imagem da jovem violentada.
Sei que muitas pessoas vão pensar "mais uma postagem sobre o assunto na internet", mas a verdade é que não podemos nos cansar de falar sobre isso. A cultura machista envenena e domina as pessoas sem que elas percebam (ou percebem e o fazem propositalmente). Não podemos deixar de lutar pela nossa integridade, por nossos direitos, por todas as mulheres que sofreram e sofrem violência. Sim! Temos que protestar por direitos, pela dignidade humana. Manifestar nossa revolta contra a violência.
Fonte: Pensamento Sem Nexo |
Pelo que li nos noticiários, a vítima é uma jovem de 16 anos, mãe de um menino de três anos. Por essas características várias pessoas fizeram comentários como:
"16 anos e já tem filho?"
"jovem desse jeito e já é mãe?"
E também li e ouvi comentários como:
"Ela não estava na igreja, nem em casa."
"Imagino a roupa que ela estava vestida."
"Ela estava pedindo isso."
Meu último post aqui no blog foi o "Mãe tem cara de quê? #parte01". Coincidentemente falei sobre os rótulo da sociedade. Sobre como as pessoas esperam que uma mãe seja e sobre as perguntas/comentários que ouvimos por não termos "cara de mãe".
Também sou "mãe jovem" de um menino de 4 anos. Também passei por uma tentativa de assédio físico na adolescência (longe de ser a barbárie sofrida pela jovem) e, por causa disso, nunca mais consegui andar na rua sem desconfiar de todas as pessoas. As mulheres partilham desse medo. Todos os dias de noite quando saio do trabalho eu sofro desse medo de achar que alguém pode passar na rua e simplesmente decidir me violentar.
Fonte: Um Palpite |
Imagino a dor dela, porque é uma dor que a gente sente na alma. Não no corpo físico. É a dor da impunidade, da falta de justiça, da vulnerabilidade. É a dor de quem não é livre. De quem não pode frequentar os lugares que quiser, nem vestir o que quiser. A dor de quem tem medo de viver.
Se você acredita que a jovem tem culpa pelo estupro sofrido, desculpa! Mas você defende a cultura do estupro. Nada do que ela faça ou use justifica o "direito" de alguém abusar dela.
Cultura do estupro é isso mesmo: como a sociedade culpa as vítimas de abuso sexual e normaliza a violência contra a mulher. Encoraja as agressões, que vão desde o assédio verbal de conotação sexual (as famosas cantadas na rua) até o assédio físico, chegando ao estupro. Inclui também os comentário machistas que citei acima e que atribuem à vítima a culpa pelo estupro.
E quantas mulheres sofrem violência em seu próprio lar? Dentro de casa por seus próprios familiares ou pelo companheiro amoroso? Sim! Nenhuma mulher é obrigada a fazer algo que não queira. Quantas mulheres sofrem algum tipo de violência na sua comunidade? No seu bairro? Quantas são assediadas diariamente? Quantas são estupradas diariamente? Quantas são beijadas a força? Quantas sofrem assédio em ônibus/metrô lotado? Tudo isso é estupro. Estupro da vida.
O caso da jovem foi mais um entre os inúmeros casos que acontecem no Brasil e no mundo diariamente. Continuemos nosso clamor por mais respeito.
Li sobre um movimento que é mais ou menos assim: devemos parar de ensinar nossas meninas como não serem estupradas e começar a ensinar nossos meninos a não estuprarem.
Fonte: Penso Logo Feministo |
Mães, pais, famílias: as crianças de hoje são os adultos de amanhã. Lutemos pelo fim da cultura do estupro.
#EstuproNuncaMais
#EstuproNãoÉCulpaDaVítima
#FimDaViolênciaContraAsMulheres
Fernanda G.
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