“Vou pro campo, no campo tem flores, as flores tem mel
Mas à noitinha estrelas no céu, no céu (...)
Não sou tanajura, mas eu crio asas
Com os vaga-lumes eu quero voar, voar
O céu estrelado hoje é minha casa
Fica mais bonito quando tem luar, luar
Quero acordar com os passarinhos
Cantar uma canção com o sabiá...”
Meninos, Rubinho do vale
O post de hoje é sobre o distrito de Milho Verde. Situado nas vertentes da Serra do Espinhaço, bem próxima a nascente do Jequitinhonha! Férias de julho: depois de um semestre bem intenso, tumultuado e sofrido (perdi meu pai em abril deste ano e não tem sido fácil ) .Precisava de um lugar significativo para reunir forças para os próximos meses. A escolha não foi ao acaso, pois Milho Verde é um dos nossos lugares em Minas. Um vilarejo bem pacato há cerca 344 km de Belo Horizonte.
Milhinho, já temos intimidade para tratá-lo assim, é um paraíso das cachoeiras . Um lugar com ruas sem asfalto, igrejinhas modestas, mercearia com venda à granel, crianças livres nas ruas, animais sossegados na estrada e, é claro, natureza exuberante ....
Milho Verde é aquele lugar que me alinho no colo de Deus e agradeço profundamente pelo amanhecer, pelo chão batido, pelo cheiro de comida feita no fogão á lenha e pelo cheiro da relva, pelas sempre - vivas na estrada, pela horta nos quintais, pela felicidade plena e gratuita. Um lugar de pessoas com riso farto e grande coração. Uma interação de corpo e mente. Local de povo tranquilo e acolhedor. Onde é possível ver a vida passar sem pressa, tomando um banho de cachoeira ou contemplando suas belas paisagens.
Visitar uma cidade pequena traz uma memória afetiva enorme e uma oportunidade cultural de resgate às brincadeiras do nosso tempo de criança. Ser pais também é isso: uma segunda oportunidade de ser criança novamente. Uma interação fortalece vínculos , traz segurança e contribui para o desenvolvimento pleno dos pequenos.
Atualmente, o espaço e o tempo destinado ás crianças não têm sido priorizados , principalmente nas grandes cidades. Isso é sério e triste. Por isso, carrego a bandeira pelo direito de brincar e de interagir com a natureza. Busco proporcionar experiências ricas e significativas para minha filha , Maria, e para meus alunos. Brincar livremente, e fora dos espaços privados, na rua, e em parques e praças, por exemplo, é muito importante para que as crianças construam essa relação com a natureza e ambientes ao ar livre e mais naturais.
O termo “Transtorno de Déficit de Natureza”, do escritor americano Richard Louv, foi criado para descrever os prejuízos causados às crianças que não experimentam o mundo natural. Richard também é fundador da Children&Nature Network, uma organização que promove ideias inovadoras e colaborativas para conectar crianças, famílias e comunidades à natureza.
Em seu livro mais recente, 'Vitamin N: The Essential Guide to a Nature-Rich Life', em tradução livre: 'Vitamina N: um guia essencial para uma vida mais rica em natureza", o autor traz 500 estratégias simples e criativas para estar com as crianças ao ar livre, e assim criar uma ligação duradoura com o mundo natural.
Segundo Richard: “Não é mais suficiente lutar por um futuro sustentável para os nossos filhos e os filhos, temos que criar um mundo cheio de natureza, em nossas famílias, bairros e comunidades.”
Não trago 500 dicas, mas algumas dicas para reunir na mesma viagem: momentos prazerosos em família , interação com a natureza e valorização cultural.
O que fazer em Milho Verde ? Bem ,as possibilidades são inúmeras, tanto para adultos como para as crianças:
· fazer trilha pelo Lajeado e se deparar com um ofurô natural , gruta, várias quedas d'água, serra dos Santos, sempre vivas pelo caminho e água cor de “Coca cola”,
· fazer castelinho de areia no Lajeado,
· nadar com as piabinhas ,
· ouvir as pessoas tocando violão na praça
· conhecer um moinho (cachoeira do moinho) que ainda funciona e banhar- se em uma piscina natural com borda infinita,
· conhecer a comunidade da “Barra da Cega” , comprar artesanato local e se deliciar com a cachoeira do Piolho.
· “tomar” uma ducha fria na cachoeira do Carijó,
· fartar-se brigadeiro enrolado na folha de bananeira,
· comer comida feita no fogão à lenha ,
· deliciar-se com chips de banana verde frita ,
· brincar de pique- esconde, corda, pega-pega, peteca e tudo que sua imaginação mandar em um descampado em frente à Capela do Rosário,
· comer verduras sem agrotóxico direto da horta,
· balançar-se preguiçosamente em uma rede,
· prestigiar manifestações culturais do lugar : como Congado ou festivais, por exemplo,
· brincar livre, leve e solto pela s ruas,
· ser seguido algum cachorro de Milho Verde,
· conhecer um eco sistema diferente,
· comer frutas do cerrado,
· subir em árvores,
· lavar roupas em uma bica,
· brincar com crianças do vilarejo ,
· ressignificar a vida,
· andar de bicicleta até São Gonçalo do Rio Abaixo,
· valorizar o que vale a pena,
· ensinar sobre sustentabilidade , respeito ao próximo e à natureza,
· receber um grande dose de vitamina N, de natureza,
· desacelerar,
· aprender com os mais velhos,
· fazer uma trilha generosa até o Pico do Itambé ( assunto para outro post. rs)
· deixar a imaginação fluir e criar mais possibilidades de pura criatividade e afeto entre as pessoas.
Ficou com vontade de conhecer Milho Verde? Então, planeje sua próxima viagem para um lugar mágico e fascinante .
“...Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão
Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for....”
Parabens pelo relato!!!
ResponderExcluirNada com piabinhas em Milho Verde, mesmo? Ou em lugares proximos?