Meu Filho Não é Batizado!

"Estou grávida!" e logo foi pensar nas milhões de coisas que viriam pela frente após a maternidade. Uma delas o batismo. 

Cada religião tem sua forma de batismo (agregando todos os significados: rito de passagem, de iniciação, sacramento...) e, normalmente, as crianças passam por ele no primeiro ano de vida. 

É difícil não acontecer assim. Para além das questões religiosas, tem aquela leve pressão dos conhecidos. A criança nem nasceu ainda e já tem gente perguntando quando será o batismo, onde será, se já escolheu os padrinhos (momento que costuma terminar em briga, afinal todo mundo quer ser madrinha/padrinho de um bebezinho fofinho, sem nem pensar muitas vezes qual a função deles na vida da criança). É comum, no auge da emoção que a maternidade/paternidade traz, os pais já terem tudo isso muito bem elaborado e definido antes mesmo da criança nascer. 

Mas e quando os pais decidem que vão dar um tempo para a criança crescer? Não! Não é para falar sobre as histórias de terror e os pesadelos na vida da criança que não é batizada. É para falar sobre decisões. Sobre escolhas. Sobre convicções. Sobre fé (por que não?). 

Algumas famílias esperam o segundo filho para batizarem os irmãos juntos. Algumas famílias simplesmente não batizam. Algumas esperam até certa idade (ou mesmo a fase adulta) para realizar o batismo. Alguns esperam compreender o significado que isso tem na própria vida para então fazê-lo. 

Onde estão o respeito e a tolerância então? Criança é criança em qualquer lugar do mundo. Gente é gente em qualquer lugar do mundo.

E a criança não ser batizada não significa que ela é amaldiçoada, que ela não tem fé, que ela não está inserida em uma religião ou que vive em uma casa sem princípios. Da mesma forma que ela ser batizada e está inserida com tanto afinco em alguma religião não fará dela a melhor pessoa do mundo. 

Meu filho não é batizado. Pensei em batizado durante a gestação? Claro! Como a maioria das mães! Mas quando ele nasceu, por uma série de motivos (entre eles a dificuldade de escolha de madrinha e padrinho), decidi adiar o batismo. 

Sou cristã, praticante de uma religião. Foi difícil essa decisão, visto que a tradição é o batismo dos bebês logo nos primeiros meses. Por um bom tempo as pessoas ficaram perguntando (ou atormentando): "você não vai batizar esse menino?". 

Não julguem meu filho por ele não ser batizado!

Se isso afetou minha fé? Claro que não! Continuei frequentando a igreja, mas com meu filho. Continuei lendo a Bíblia, mas com meu filho. Continuei fazendo minhas orações, mas com meu filho. Continuei tentando fazer coisas boas pelas pessoas, mas com meu filho.

Hoje ele sabe de onde vem seu nome, tem suas próprias Bíblias (que inclusive é o livro preferido dele antes de dormir), sabe fazer suas orações, tem o seu próprio (re)significado de tudo isso. 

Se meu filho será batizado? Ele fará 5 anos em dezembro. Já entende, da sua própria maneira, o que é o batismo. Então... Sim! Possivelmente vem batismo por aí em 2017! 

Sabe o que é mais importante nisso tudo? A religião trazer bons ensinamentos à criança, de modo que aprenda a viver em família, a conviver com as diferenças e coletividades e em harmonia com a natureza em seu sentido mais amplo. 

Beijos! 

Fernanda G.