terça-feira, 30 de maio de 2017

Julia do Lacre do Bem - Entrevista com a Julia

Julia Macedo poderia ser apenas mais uma aluna dentre os mais de 300 que recebo por ano. E apesar de amá-la tanto quanto todos os outros, Julia despertou em mim (e não seria nada ambicioso dizer que em toda a nossa comunidade escolar também) um sentimento novo: a empatia.

Quando conheci o projeto Lacre do Bem ainda não era professora na escola em que Julia estuda, mas fiz questão de ajudar meu priminho, que na época tinha apenas 7 anos, a juntar todos os lacres possíveis para entregar à Julia, sua colega de escola.

Na ocasião do lançamento do 1º livro da Julia, em que ela conta lindamente a história do projeto, perguntei a ela se poderia nos dar uma entrevista. Ela, é claro, topou na hora.

Fica aqui, então, a entrevista dessa pequena linda. Que força, que maturidade. É de encher o coração de amor (e os olhos de lágrimas).

Preparem-se!


Imagem: Instagram



 Júlia, antes de começarmos a falar do seu projeto, conte um pouco de sua história!

Tenho 12 anos, amo estudar, adoro a minha escola. Tenho tempo de brincar e ler muito! Sou uma pré-adolescente normal, e dedico um pouco do meu tempo em ajudar ao próximo e ao planeta. Tenho uma irmã de 6 anos Yasmin (Mimi), e tenho os meus pais que me apoiam muito.



Como surgiu a iniciativa de se juntar lacres para reciclar e comprar cadeiras de rodas?

Surgiu a idéia durante uma viagem com a minha família para São Paulo, quando vi um outdoor de uma concessionária de São Paulo que fazia a campanha. Quando voltei para BH, comecei a juntar os lacres com minha família. Depois de um tempo, consegui pouco mais da metade de um pet de 2 litros (são necessários 140 pets cheios para uma única cadeira) e mostrei a meus pais. Eles me falaram: "Nossa, falta muito!", mas eu via somente o tanto que já tinha conseguido, e vi que com mais ajuda não era impossível.


Todas as pessoas apoiaram o projeto desde o início? Como foi a recepção das pessoas em relação a ele?

Sim, todas as pessoas apoiaram o projeto. Falava com todos: donos de padaria, lanchonetes, com a diretora da minha escola (Mônica), restaurantes que frequentamos, e assim ia pedindo a todos para me ajudar a juntar lacres.



Seus colegas de escola se engajaram na campanha? Conte-nos!

Sim, todos todos os meus colegas me ajudavam, levando lacres em caixas de remédio, xaropes, embalagens de Klinder Ovo, potes de maioneses, de desinfetante, amaciantes, caixas cheias de lacre. Na minha escola todos os dias recebia lacres, e chegou um dia que não conseguia mais levar para casa. Hoje em dia a escola guarda e os meus pais coletam depois. O bem contagiou a todos, e todos ficaram viciados em coletar lacres.



 O projeto já passou por momentos difíceis?

O projeto já passou por vários, mas passa atualmente por um outro momento muito difícil: não temos carro adequado para coletar os lacres. Temos muitos pontos de coleta, e só usamos um carro da família, que é o mesmo em que meu pai viaja a trabalho, então fica complicado recolher os lacres e ter um carro para realizar a entrega de cadeiras de rodas....



Em toda a sua trajetória ajudando pessoas com necessidades especiais ou com mobilidade reduzida, alguma história te chamou mais atenção, te comoveu mais?

Sim, várias, mas uma, recentement,e me chamou a atenção: uma moto boy, de apenas 19 anos, que foi atropelada no anel rodoviário, e teve uma perna amputada, e não tinha recursos para comprar a cadeira de rodas. Uma amiga dela realizou o pedido, e quando a minha mãe foi realizar a entrega, porque eu tinha aula, ela ficou muito emocionada,e disse que, com a cadeira de rodas, uma nova esperança surgiu na vida dela. Como a entrega foi feita em uma escola particular, um aluno de uns 8 anos se aproximou dela, abraçou-a e disse "meu pai é médico, e vou pedir a ele para fazer uma prótese para você voltar a andar". Este momento deu tanta garra e força pra ela que ela está atualmente fazendo tratamento para colocar a prótese. Dar esperança e ajudar quem precisa em um momento difícil é maravilhoso.



Como você lida com a organização entre os seus estudos, a escola e o projeto do lacre do bem? 

Regra aqui em casa: primeiro os estudos, depois brincar, divertir, e depois me dedico aos eventos do Lacre do Bem. Hoje não consigo resolver a organização do Lacre do Bem, minha mãe e meu pai cuidam de tudo nas horas vagas.



O que te move a continuar com esse lindo projeto?

 O que me move ajudar primeiramente é Deus, Deus me ensinou a amar ao meu próximo e faço isso com muito amor. Farei tudo para mobilizar mais pessoas a fazerem o bem às pessoas e ao planeta, pois ensino as pessoas a serem solidárias e a terem atitudes sustentáveis.



 Você tem novos projetos? Pode nos contar?

 Tenho vários projetos que precisam de apoio de empresas privadas para serem realizados. Em breve mais projetos. Mas...é segredo! rsrsrs



 Fale um pouquinho do lançamento do livro para os nossos leitores!

O lançamento do livro Julia Lacre do Bem foi no último dia 11/05, no Centro Cultural Minas Tênis, e foi um sucesso.O livro conta a história do meu projeto, pois ao ver o meu projeto se transformar em uma grande corrente do bem, decidi compartilhar minha história com outras milhares de crianças e jovens como eu, e quem sabe até inspirá-los em fazer o bem. A obra carrega ainda o selo “Pedagogicamente Responsável”, uma chancela concedida pela Associação Educore a conteúdos voltados para uma sadia formação moral da infância e juventude. Convido todos para adquirir um exemplar do livro e ajudar o Lacre do bem com os recursos adquiridos comprar o tão necessário carro de carga para o projeto e assim ajudar mais pessoas com deficiencias.

Para comprar, acesse o site: http://lacredobem.com.br/o-livro/

Imagem: Instagram

Essa foi a nossa entrevista!

Julia é mesmo uma menina iluminada, como bem disse a sua mãe (história que vocês só vão conhecer lendo o livro). Sorte a minha poder tê-la comigo quase todos os dias e aprender tanto com isso.

Para conhecer melhor o projeto, acessem a página do Lacre do Bem no Facebook ou o Instagram do projeto.

Espero que gostem, leiam, se emocionem.

Com carinho,



G.




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