Outro dia encontrei uma conhecida que há muito não via. Conversando sobre nossos desfechos profissionais, ela, que ainda não conseguiu realizar o sonho do curso superior e é mãe, exclamou: queria ser como você! Inteligente e formada! Assim eu poderia criar meu filho melhor, ser exemplo pra ele... E por aí continuou. Tentando buscar evidências argumentativas para sustentar a "vontade" de ser "igual" a mim.
Fiquei muito pensativa sobre a colocação dessa mulher. Esse sentimento não está certo. Claro! Todo mundo deve sonhar, deve ter seus desejos, seus objetivos profissionais e percorrer caminhos favoráveis a isso. Sou a maior defensora disso! Para as mulheres mães isso é ainda mais desafiador... E necessário! Porque a maternidade não pode calar os desejos dessa mulher, a maternidade não pode destruir os sonhos dessa mulher, a maternidade não pode tornar essa mulher subordinada. A maternidade tem que vir para fortalecer. Para dar ainda mais ânimo, força e criatividade nas escolhas pessoais e profissionais.
O sentimento que não está correto é achar que a mãe de nível superior vai ser melhor sucedida na maternidade. Eu sei! É verdade! Estudos apontam que a maior escolaridade dos pais (pai e mãe), mas principalmente das mães, tem um impacto positivo na vida dos filhos, mas não ter um alto nível de escolaridade não significa que você será a pior mãe do mundo.
Na atualidade, é comum encontrarmos nas redes sociais aqueles episódios de "se nada der certo", eventos de estudantes que se caracterizam de forma a evidenciar profissões que só podem ser "escolhidas" se "nada der certo na vida". É um absurdo! Eu sei! E infelizmente alimentam esse imaginário de lista de profissões aceitas e dignas de respeito.
Passar por uma universidade é uma experiência maravilhosa, mas não necessariamente faz de você um ser humano melhor (não no sentido de melhor do que alguém, mas melhor comparado a si mesmo). Eu acredito que saí humanamente melhor do que entrei, mais aberta ao diálogo, mais tolerante, defensora de minorias... Mas com frequência esbarro com pessoas com maior número de formações e que parecem ter perdido o coração pelo meio do caminho. Os exemplos são infinitos! Abra um noticiário ou procure na web, não será difícil encontrar pessoas com ensino superior que matam, que roubam, que discriminam, que são racistas, homofóbicas... Está vendo? Nem sempre a experiência de maior escolaridade torna a pessoa alguém melhor. Em contrapartida, todo mundo tem um caso de alguém que nem formou o ensino médio e é o coração mais bondoso e humilde que se pode encontrar, que lutou para criar os filhos, ajudar a família, sempre foi um bom exemplo de honestidade e que pode passar a dificuldade que for, mas sempre ajudará seu próximo.
Envolve caráter! Coisa que não se compra com dinheiro, nem com titulações.
Se existe profissão certa para uma mãe?
Estava tomando banho quando meu filho entrou correndo dizendo que seu navio feito de blocos tinha quebrado e que somente eu saberia concertar. Putz! Virei engenheira agora? Pensei comigo debaixo do chuveiro. Desde quando eu sei montar navios? Foi outro dia também que ele veio perguntar sobre o comportamento dos peixes no aquário. E eu lá sou bióloga? Também pediu para que eu fizesse uma panqueca. Logo eu? Que nunca frequentei curso de gastronomia, nem mesmo tenho um livro de receitas. E quando vem perguntar sobre a vida de um soldado? O mais perto que passei do Exército foi no desfile do dia 7 de setembro.
Mas costumo dar uma de médica, fornecendo o diagnóstico quando ele está doente. Sou enfermeira, quando ele aparece machucado esperando providência. Também sou professora, quando ensino a ler, escrever e fazer contas. Advogada, quando sou a mediadora de conflitos e pirraças. Arquiteta, quando projeto e idealizo o lugar de cada coisa em seu quarto. Nutricionista, quando tenho que escolher os alimentos adequados para uma dieta equilibrada e saber a hora certa de oferecê-los. Educadora física, quando vamos para o quintal, para a quadra, a piscina e a pista de caminhada. Administradora, quando organizo, planejo e oriento o uso dos recursos físicos de casa e os financeiros para dar conta de levá-lo em todos os passeios e festas. Economista, quando entendo suas preferências e sei aquelas que trazem mais utilidade. Odontóloga, quando tenho que supervisionar os cuidados com os dentes. Psicóloga, antropóloga, contadora de histórias, artesã...
Sabe o que acho mesmo? É que a maternidade é uma baita de uma profissão! Nela somos todo tipo de profissional, daqueles com conhecimentos, habilidades e atitudes, ou seja, competentes!
Acredite em você!
Adorei o texto....
ResponderExcluirObrigada, querida! Abraço!
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