Pai não tem que ajudar a cuidar dos filhos

Mães, parem de dizer que os pais tem que ajudar na criação dos filhos, simplesmente parem!

Não é papel do pai ajudar a cuidar. A verdadeira função dele deve ser COMPARTILHAR, DIVIDIR, o que é muito diferente de AJUDAR.

Vamos tirar esse vocabulário da nossa boca: "Meu marido ajuda muito", "O pai dos meus filhos é ótimo, ajuda demais com eles" ou "Meu esposo não ajuda em nada, não aguento mais" e por aí vai... 

Quantas vezes já não proferimos esses discursos? Parecem ser frases inocentes, mas o problema é que não são. Por trás dessas sentenças estamos carregando séculos de machismo e reproduzindo uma educação patriarcal que propaga ser a mulher a única responsável pela educação dos rebentos, enquanto o pai é a figura masculina que trabalha fora e põe o sustento dentro de casa, portanto, não deve ser incomodado com mais nada.

Muitas vezes não damos a devida atenção aos discursos que reproduzimos, mas pensem bem: quando dizemos que nossos companheiros tem que AJUDAR a cuidar dos nossos filhos, estamos admitindo, mesmo que de forma inconsciente, que essa função é exclusivamente nossa e que os pais apenas devem dar uma parcela de contribuição. Como se fosse um "favor" que estariam fazendo para nós, quando na verdade é uma OBRIGAÇÃO.

COMPARTILHAR e DIVIDIR tarefas é algo muito diferente pois pressupõe IGUALDADE de direitos e deveres entre pais e mães em relação à criação dos filhos. A mãe deve ter os mesmos direitos que o pai, por exemplo, em descansar, ficar à toa no sofá assistindo seu programa preferido ou de pernas pro ar apenas aproveitando o ócio. E isso não serve apenas para as mães que, assim como eu, trabalham fora. Serve também para as mulheres que são mães em tempo integral e também merecem (e precisam muito!) de descanso. Se cada um assumir sua responsabilidade na relação familiar não fica pesado pra ninguém e todos ficam mais felizes, inclusive os filhos. Acredite, mães e pais felizes criam filhos mais felizes também. 

Não está aqui falando com  vocês a "mãe super empoderada", a mais politizada do  universo! Mas sim, uma mãe que já sentiu na pele a sobrecarga de apenas contar com a ajuda do pai. Não quero aqui crucificar o meu marido, mas confesso que muitas vezes, principalmente quando João era bem novinho, me vi sobrecarregada e, no meu caso, não era culpa dele! Isso mesmo, estou defendendo meu esposo (rsrs) porque ele sempre se mostrou muito disposto a dividir todas as tarefas relacionadas aos cuidados com nosso filho, mas eu, mãe de primeira viagem, muitas vezes não deixava ele se envolver mais por medo de que ele não soubesse fazer direito (ou seria por pura vaidade?). Claro que muitas vezes a negligência é sim de boa parte dos homens que não querem viver a paternidade de forma integral, mas esse não foi o meu caso. E nessas situações há que se discutir e chegar a um acordo, pois realmente é um absurdo e não podemos mais conceber esse tipo de negligência e falta de parceria numa relação familliar. 

Quantas vezes tirei tarefas das mãos do meu esposo porque eu sabia fazer aquilo melhor, dar um banho melhor, dar a mamadeira com mais jeito, trocar as fraldas com mais perfeição. Mães, parem com isso! Por favor, parem!! Chega uma hora que não aguentamos mais a sobrecarga e acabamos por descontar nossa frustração e cansaço em cima dos filhos. Graças a Deus acordei a tempo, deixei meu marido ser participativo e hoje em dia não tenho nenhum problema relacionado a isso e meu esposo cumpre muito bem seu papel de co-responsabilidade na criação do João. Mas foi quase que um processo de libertação (rsrs). Libertação da minha própria vaidade de mãe que acreditava saber fazer tudo melhor que o pai. Vamos deixar os papais aprenderem também! Claro que no início alguma coisinha vai sair errada, mas nós também erramos muitas vezes, não é mesmo? 

Não percebemos, mas vamos reproduzindo a educação que tivemos e que nossas mães também tiveram em casa e passaram pra nós. Uma educação que coloca a mulher como rainha do lar e o homem como o "macho alpha", detentor do poder. Com isso, vamos reforçando papeis sociais e dizendo, nas entrelinhas, o que é função da mulher e o que é função do homem para nossos filhos. Precisamos romper com esse ciclo! Precisamos criar nossos filhos e  filhas com o exemplo de uma relação igualitária para que quando crescerem não reproduzam também os pressupostos de uma sociedade machista em suas próprias casas. 

Veja um exemplo disso que falei acima, nesse vídeo. É maravilhoso!

Nossas crianças precisam ver que, assim como a mãe pode sair pra trabalhar fora e dirigir seu carro (ou não), o pai também pode e deve preparar o jantar, dar banho e contar histórias na hora de dormir. Isso é PATERNIDADE ATIVA. Paternidade ativa é um termo que está em alta nas redes sociais, mas seu significado é muito mais amplo que apenas um perfil bonitinho de pai e filho no Instagram. Ser um pai ativo é ter ações concretas e divisão de tarefas de forma efetiva. É cumprir a função de pai sem achar que está fazendo um favor assumindo sua co-responsabilidade na criação do filho que, inclusive,  não é só da mãe! 

Enfim, esse é um assunto que dá pano pra manga e precisa ser mais discutido, quem sabe não continuamos num próximo post... Enquanto isso, deixo aqui um FELIZ DIA DOS PAIS para todos os papais de plantão e que vocês compartilhem a criação de seus filhos pois, acreditem, vocês serão muito mais felizes fazendo isso! Não há nada melhor que viver a maternidade e a paternidade de forma real e ativa!

E um Feliz Dia dos Pais especial para meu marido Harlley (@papaipratudo)  por ser esse pai ativo e super heroi do João (e agora da Maria também) ! Amamos você <3