Descobri o hipotireoidismo no meu exame pré-nupcial. Pelos sintomas, tenho certeza que já tinha há muito tempo, mas ninguém nunca havia pedido um exame para verificar. Desde então, comecei o tratamento.
O grande problema é que normalmente
demora muito para acertar completamente a dose e “qualquer coisinha” que
acontece geralmente desestabiliza. A médica que fez meu pré-nupcial disse que
estava bem alterado e me deu uma dose alta de remédio e um pedido de exame para
dois meses depois. Fiz exame e levei na endocrinologista, que abaixou a dose.
Nisso, de dois em dois meses eu fazia exame e alterava a dose, até encontrarmos
a “dose perfeita”. Aí vem o drama: Engordou? Aumenta a dose. Emagreceu? Diminui
a dose. Seu metabolismo mudou? Muda a dose. Ou seja, o controle é para o resto
da vida! E na gravidez, a coisa complica um pouco mais...
Realmente, o hipotireoidismo, quando
não controlado na gravidez, pode causar aborto espontâneo, retardo no
desenvolvimento mental do bebê... O problema foi a falta de tato da médica ao
conversar com uma mulher grávida, do primeiro filho ainda por cima!
Depois, fui a outro médico. Ele
perguntou se passei muito mal no início da gravidez, porque a taxa de TSH
estava desregulada e isso causa muito enjoo em grávidas. Respondi que sim, que
emagreci 6kg no início da gravidez e ele disse que provavelmente seria assim
sempre que eu engravidasse. O médico era bonzinho, mas não senti firmeza nele.
Como já estava no fim da minha gravidez, minha obstetra me acompanhou neste
ponto também.
Depois que a Anna nasceu, encontrei a
“médica perfeita” e agora faço acompanhamento com ela. Mas muita coisa poderia
ter sido diferente se eu tivesse o conhecimento necessário antes. Então, vou
explicar aqui o que é hipotireoidismo e contar um pouco sobre...
Beta HCG positivo. Gravidez!
Hemograma completo, glicemia, tipo de
sangue, RH, rubéola, toxoplasmose... um milhão de exames que fazem parte do
pré-natal. O que muitas mulheres não sabem que, tão importante quanto checar tudo
isso aí, é saber como está o funcionamento da tireoide.
Li que, no Brasil, a recomendação é de
que mulheres com alto risco para o hipotireoidismo se submetem ao exame
(mulheres com histórico familiar, com alguma doença autoimune, que já fizeram cirurgia
na tireoide, que tiveram repetidas vezes abortos espontâneos,...), mulheres sem
estes problemas não fazem exame. Tenho nada disso aí mapeado e tenho
hipotireoidismo. É sério que é melhor esperar eu ter abortos para fazer um
“simples” exame de sangue?
A tireoide é uma glandulazinha (25 a
30 g) com formato semelhante a uma borboleta, localizada na altura do pescoço.
Ela produz dois hormônios: a triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4). Esses
hormônios são liberados pela tireoide e são essenciais para o metabolismo, como
manter a temperatura do corpo sempre em torno de 36,5 °C, controlar a queima de
calorias, controlar os batimentos cardíacos, manter as funções vitais do
organismo (os hormônios atuam no fígado, cérebro, rins, músculos e na pele)...
O exame de sangue capaz de identificar
o hipotireoidismo mede os níveis de T4 livre e do TSH. O TSH impulsiona a tireoide
a produzir T3 e T4. Quando as taxas de T3 e T4 estão normais, eles inibem o
TSH. Por isso, se o TSH estiver muito alto, é sinal de que a glândula não está
liberando o T3 e o T4 como deveria. Ou seja, o hipotireoidismo ocorre quando a
tireoide não produz hormônios suficientes para exercer suas ações em todo o
corpo. Se a tireoide não consegue “manter” seu corpo, imagina seu corpo e mais
um que está formando?
Hipotireoidismo x Hipertireoidismo |
Hipotireoidismo x Fertilidade
Muita gente diz que hipotireoidismo causa
infertilidade e eu sempre acreditei nisso. Porém, não é bem assim. O que
acontece é que o hipotireoidismo altera os hormônios reprodutores da mulher e
desregula os ciclos menstruais,
fazendo com que nem sempre ocorra ovulação e período fértil durante
o ciclo menstrual. Ou seja, não é que você seja infértil, seu ovário só não
libera os óvulos que estão prontinhos para serem enviados devido a falta de
hormônio.
Certa vez, ainda adolescente, fiquei 8
meses sem menstruar. Eu era virgem, ou seja, não estava grávida, e não
descobriram por que estava assim. Comecei a tomar anticoncepcional nesta época,
para tentar regular a menstruação. Talvez, invés de me encherem de pílulas que
não fazem bem a saúde, era só eu ter regulado minha tireoide.
Hipotireoidismo exige algum cuidado antes de engravidar?
Quando engravidei a primeira vez, eu
não sabia destas coisas e nem fazia um acompanhamento tão de perto. Falo que
foi Deus quem quis mandar meu anjinho, pois – depois de 14 anos tomando
anticoncepcionais – parei de tomar a pílula em outubro e em dezembro já estava
grávida, mesmo com os hormônios alterados.
Já na segunda vez, a médica me
explicou que meu TSH (Hormônio Tiroestimulante) deveria estar abaixo de 2,5 para
eu poder engravidar (o recomendado é de 0,1 a 2,5 mUI/L). Ajustamos a dose
(aumentei durante a gravidez e nunca mais diminuiu) e olha eu grávida de novo!
O legal é que já saí do consultório com pedido de exame para fazer quando eu
engravidasse, para começarmos a acompanhar o mais rápido possível.
Portanto, o ideal é que a mulher com
hipotireoidismo tenha a gravidez planejada, faça a reposição de tiroxina
(hormônio tireoidal sintetizado) e engravidem com concentrações normais de T4
no sangue. Mulheres tratadas antes de
engravidar apresentam apenas os mesmos riscos de uma mulher que não tem o
problema. Com os hormônios regulados, a gravidez não tem risco de complicações
aumentado. O hipotireoidismo bem controlado não trará qualquer prejuízo ao
feto.
Se você planeja engravidar e não tem
histórico de problemas de tireoide, peça exames ao seu médico mesmo assim.
Melhor ter certeza que está tudo certo. “Estudos mostram que o hipotireoidismo
subclínico (sem sintomas) chega a atingir de 2 a 5% das mulheres”, declara
Patricia El Beitune, professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (RS).
A principal causa de hipotireoidismo é
a deficiência de iodo. A necessidade de iodo aumenta durante a gestação e
amamentação. Por isso, é importante a alimentação adequada durante a gestação.
O funcionamento da minha tireoide é normal e engravidei. Está tudo
certo?
Não. A gravidez tem grande impacto no
funcionamento da tireoide. Muitas vezes, essa importante glândula consegue
fabricar hormônios suficientes para você, mas quando você engravida, você
precisa de mais hormônio e passa a suprir as necessidades do bebê. A tireoide
precisa fabricar até 50% mais hormônio para dar conta tanto da mãe quanto do
bebê e nem sempre ela consegue suprir toda essa demanda.
Resultado de exame positivo? Não se
desespere! Quando a mulher descobre o problema durante a gravidez e faz o
tratamento corretamente, é possível reverter os possíveis danos ao bebê e à mãe.
Deve-se repetir a análise a cada 4 ou
8 semana durante toda a gestação para manter o controle da doença. Eu repetia a
cada 4 semanas. Desta vez, ainda não sei como será.
Sintomas
As pessoas
não sabem o que é e nem entendem o hipotireoidismo. Para a maioria das pessoas,
é só “engordar e não conseguir emagrecer”. Tem esse fato sim, péssimo para as
mulheres, rsrsrs. Mas não é só isso. Para algumas poucas pessoas que conhecem
um pouco mais (tudo pouco mesmo), acham que é preguiça e que você “tem que
lutar contra” a falta de vontade de fazer as coisas.
O que
as pessoas não entendem, é que a tireoide controla muito do nosso metabolismo.
Só quem tem essa doença sabe como os problemas são reais. Só quem sempre ouve
dos médicos: “nossa! Sua tireoide é muito pequena, quase não dá pra sentir”
sabe como é difícil. E é frustrante demais, porque tem dia que não dá nem pra
levantar para tomar banho, de tanta necessidade de descansar, de dormir, de deixar
o corpo quieto. É frustrante pessoas próximas te chamarem de folgada,
irresponsável, lerda, distraída, esquecida... Não, não sou isso tudo, só estou
doente. Me esforço muito para ficar bem e, com o tratamento, fica bem mais
fácil. Mas qualquer desregulada que acontece com o hormônio, fica difícil
reagir.
Pode
parecer drama. Podem ter pessoas com hipotireoidismo lendo e pensando “tenho
nada disso” e outras pensando “nossa, é exatamente assim”. Mas, assim como
qualquer doença , varia de pessoa para pessoa. Tem gente que morre de dengue e
tem gente que sente como se fosse uma forte gripe. O corpo de cada pessoa reage
de forma diferente!
Pode
ocorrer a falta de sintomas (conforme falado acima), porém, o que não falta são
sintomas para identificar hipotireoidismo: cansaço, fraqueza, grande desânimo
que pode mesmo levar à depressão, dificuldade para perder peso, pele e cabelo ressecados,
unhas fracas, queda de cabelo, intestino preso, voz rouca, lentidão ao falar,
dor e adormecimento das mãos (síndrome do túnel do carpo), pulso lento,
câimbras musculares, confusão mental, esquecimento, inchaço no rosto, expressão
facial de aborrecimento, pálpebra caída (a minha já está quase chegando no
queixo. Não vejo a hora de fazer plástica!)...
Durante
a gravidez, é mais difícil distinguir sintomas do hipotireoidismo e da própria
gestação, como o sono e a prisão de ventre. Por isso é importante a realização
de exames.
Na
primeira gravidez, eu fiquei um lixo! Vomitava muito, comia pouco, só queria
dormir... Mas os níveis de TSH estavam alterados, então, foi mais pesado.
Nesta gravidez, o cansaço e o sono
estão absurdos, tenho sentido muito frio também. Mas estou imensamente melhor
do que na primeira gestação. Ponto para os hormônios controlados!
Quais os riscos para a mãe e o bebê?
Quero
deixar claro que, estudos comprovaram que o hipotireoidismo em gestantes
não costuma ter efeitos significativos desde que esteja controlado.
Portanto, se cuidem!
A
médica me explicou que a glândula do bebê é formada em torno dos 3 meses (12
semanas). Antes disso, o bebê é totalmente dependente dos hormônios
tireoideanos da mãe, que são necessários para o desenvolvimento neurológico do
bebê.
Depois
dos 3 meses, o bebê começa a produzir hormônios tireoidianos, mas
ainda não são suficientes para ele. O feto só começa a produzir hormônio da
tireoide em quantidade significativa a partir 6 meses (li isso na internet. Uma
das médicas que fui me disse que era em torno dos 8).
Caso a mãe
não faça reposição do hormônio, há riscos!
Vamos
começar de um triste: o risco de aborto espontâneo cresce em até três vezes.
Mas os demais riscos também não são bons:
Riscos para a mãe
Anemia;
Descolamento de placenta;
Diabetes gestacional;
Hemorragia pós-parto;
Parto prematuro;
Placenta prévia;
Pré-eclâmpsia.
Riscos para o bebê
Atraso no
desenvolvimento mental;
Baixo peso
ao nascer;
Baixo QI;
Defeitos
cardíacos;
Dificuldade de aprendizado;
Dificuldade em memorizar;
Nascer abaixo
do tamanho;
Nascer menos
ativo;
Sofrimento
fetal.
Tratamento
O
tratamento básico consiste em ampliar a dose de L-Tiroxina para ser suficiente
para a gravidez (mãe e bebê). Minha médica disse o seguinte: você está tomando
75mcg. Descobriu que está grávida hoje, amanhã muda a dose para 100mcg. Então,
faz o exame de sangue para vermos como está (e me deixou com o pedido).
Essa
dose foi a que encontramos para mim. A dose que deve ser administrada varia
muito de pessoa para pessoa. Mas o mais importante é: o tratamento não
apresenta riscos para a saúde da mãe, nem do bebê.
E
exames de sangue devem ser realizados periodicamente, já que se exceder na dose,
o hipotireoidismo pode dar lugar ao hipertireoidismo (excesso de hormônio
tireoidiano), que também não é bom.
O medicamento deve ser tomado ao
acordar, ainda em jejum. Após ingerir o medicamento, a pessoa deve ficar, no
mínimo, 30 minutos sem comer. Isso é importante para garantir a absorção do
medicamento no organismo. No meu caso, grávida, ficar sem comer assim aumenta
os enjoos, mas não tenho escolha!!!
Meu bebê nasceu. Ainda preciso me preocupar?
Sim! Quem já é mãe sabe como é o pós-parto. O
corpo mudou muito durante a gravidez e agora ele trabalha para se recuperar.
Do pós-parto até um ano depois, pode ocorrer
um efeito rebote da imunidade. Durante a gravidez, a imunidade abaixa para que
o corpo pare de combater o “corpo estranho” (feto). Quando o bebê nasce, os
anticorpos voltam ao normal e, algumas vezes, mais agressivos. Então, eles podem
atacar a tireoide como se ela fosse um corpo estranho, causando uma inflamação
que pode evoluir para a tireoidite de Hashimoto, que é o que eu tenho (distúrbio
autoimune que faz com que o sistema de defesa do corpo passe a atacar a
tireoide como se fosse um organismo invasor.).
Como alguns dos sintomas de
hipotireoidismo lembram a depressão (variação de humor, desânimo, cansaço,
falta de vontade de fazer as coisas...) muitas mulheres são diagnosticadas com depressão
pós-parto quando deveriam ser tratadas para disfunção da tireoide.
Muitas vezes este quadro é revertido e
a tireoide é normalizada (pelo que li, 60% das mulheres).
O texto ficou enorme, né?! Mas
espero ter ajudado! ;)
Boa tarde, Estou grávida de 11 semanas, meu Tsh deu 5,69 , passei com endocrinologista ele me receitou Levoid 25 cmg, Estou super preocupada..pois o médico me disse que posso ter aborto , e que o bebê pode nascer com sequelas...sai do consultório desorientada...pois ele me deixou mais preocupada ainda....agora meu retorno é daqui 30 dias...
ResponderExcluir👏👏👏👏👏
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