terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Os Filhos Crescem!


Parece tão óbvio dizer que os filhos crescem, mas por um bom tempo este fato não é tão óbvio na nossa mente de mãe. Ficamos acostumadas com seres pequenos e dependentes.

Quando estão em nosso ventre, impera um verbo possessivo em nossa cabeça. Estão ali!  Basta cuidar de nós mesmas e estamos cuidando deles. São tão nossos! E parece que será assim para o resto da vida. 

Nascem e nos tornamos a juíza. Batemos o martelo para as decisões importantes, porque, afinal, são tão dependentes de nós. Olhamos para aquele pequeno tamanho de necessidade, de desconhecimento do mundo, de inexperiência, e pensamos que obviamente será assim a vida inteira, com maior ou menor grau, mas continuará assim, tão dependente da gente. 




Pensar que os filhos crescem, por um instante, parece uma realidade muito distante. Bem lá longe na estrada da vida. Por isso é comum termos uns pensamentos de desespero... Será que vai conseguir falar? Andar? Usar o banheiro? Escrever? Comer? Ter amigos? Tantos "será?"! Vez ou outra também surgem aqueles outros pensamentos de desespero... Algum dia eu terei paz? Algum dia vou dormir uma noite toda? Vou poder fazer uma refeição ao mesmo tempo e não após dar em sua boca? Algum dia vamos ter um diálogo racional, sem choros, pernas batendo, nariz escorrendo? Algum dia vou deixar de preocupar? Acho que não!



Mas um dia, não tão distante quanto pensamos, nos pegaremos pensando em qual parte do caminho ficaram todos esses medos, ansiedades e angústias. Porque os filhos crescem! Que raiva! Isso acontece sem que a gente perceba, porque estamos tão imersos no mundo da fantasia, nos brinquedos espalhados pela casa, nas roupas coloridas, no corte de cabelo, nas datas comemorativas, na rotina pesada, que não percebemos que eles crescem. 


É verdade! No início estamos muito mais atentos ao "crescer". Sabemos o dia e quiçá a hora dos acontecimentos: primeiro sorriso, primeiro mamama, primeiro papapa, primeiro espirro, primeira batida de palmas, primeiro dente... Infelizmente, o viver começa a ser a rotina e os avanços não serão mais tão calculados, ou mesmo esperados, como antes. Acontecem com mais "naturalidade". 



Da noite para o dia, sua criança dirá uma palavra que fará você perguntar onde ela ouviu isso ou terá um argumento muito bem sustentado para o seu "não!". Da noite para o dia, ela vai opinar até mesmo em sua vida e você cairá na gargalhada pela solução simples que dará aos seus problemas. Da noite para o dia, você estará deitada em suas perninhas recebendo um carinho, pode até cair no cochilo sem que ela faça qualquer barulho e entenda, de verdade, que você está cansada. 



Da noite para o dia, obedecerá ao seu comando sem que você tenha que se delongar nas explicações, ficará na casa de alguém ou mesmo dormirá por lá sem tanto sofrimento, sem choro ou até mesmo ordenando que você vá embora rápido. Da noite para o dia, sua criança questionará todas as coisas, virá com muitos "por quê?", contará sobre seus sonhos que misturam personagens de desenhos, casas feitas de doces e pessoas da vida real. 



Da noite para o dia, sua criança partilhará com você sobre seus sonhos reais. Os lugares que conhecerá. Outros planetas quase sempre estão na lista. As coisas boas que fará. Com o tempo aprende que ser um Nobel da paz não é tão simples assim. As profissões que seguirá. No plural, porque nascemos sabendo que podemos ser o que quisermos, mas, com frequência, esquecemos disso no meio da vida.   



Da noite para o dia, sua criança vai ler algo perto de você, silabando, com dificuldade, mas vai ler. Vai contar as coisas, fazer umas contas loucas. Vai deixar um bilhete ou vários espalhados pela casa, ora pedindo para você colar algum brinquedo, ora com um desenho em que você é a rainha ou, simplesmente, com um "eu te amo". 



Quando esses dias chegarem, você vai sentir aquilo que um dia pareceu tão distante: os filhos crescem! Mais rápido do que pensávamos, mais rápido do que gostaríamos. 

Sentirá isso mais ainda quando sua criança fizer uma pergunta sobre sua morte. É inevitável. Um dia acontece. Olha para você como quem tem medo do que espera ouvir e pergunta se um dia você vai partir. Engraçado como eles acham que as mães são eternas. Na verdade, até mesmo nós costumamos achar que nossas mães são eternas.

No dia que isso aconteceu comigo foi também o dia em que eu ouvi a maior prova de amor de toda a minha vida: "eu quero morrer juntinho de você, mamãe". Inocência! Mas, especialmente, amor! Necessidade! Que nenhum crescimento encerra em nós: necessidade do outro, necessidade de quem nos faz bem, de quem cuida de nós, de quem nos ama.



Meu filhote faz 6 anos esta semana, acaba de formar o pré-escolar e tudo o que contei que acontece "da noite para o dia" já aconteceu conosco. Chorei durante toda a celebração de formatura e ele questionou o motivo...

- Mamãe, por que você não parava de chorar?
- Porque a mamãe estava muito feliz, filho.
- Ufa! Achei que você não estava gostando de nada.   



Tudo o que consigo pensar é que os filhos crescem, mas crescem sem perceber, mesmo quando dizemos todos os dias e fazemos o impossível, o quanto nós os amamos. 

Que esse amor, então, supere as fases difíceis que um dia chegarão. Que esse amor seja o melhor exemplo de tolerância, empatia e respeito, sempre!

Que esse amor, que nos faz ser tão amigos hoje, nunca nos deixe esquecer, nem mesmo quando formos bem velhinhos, das risadas, palhaçadas e caretas que fizemos juntos. 

Acredito (e muito!) que a melhor forma de "gerar" um ser humano bom é sendo seu melhor exemplo de humano. Então, para todos os dias... Que nunca nos falte amor!




Todas as fotos do post foram tiradas pela nossa querida mamãe sortuda Helô: no Facebook como Heloisa Drumond Fotografias e no Instagram como @heloisadrumondfotografias.           


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