Quando
a vida começa, o bebê tem uma mala de mão bem pequena, vazia. Nos primeiros
anos de vida, nós somos responsáveis pela grande maioria do que vai lá dentro.
Mas o que vamos deixar lá? Como vamos ajudar nossos filhos a se desenvolverem
emocionalmente? O que nossos filhos poderão oferecer ao mundo quando se tornarem adultos?
Brincar é essencial para o aprendizado da criança! |
Nós nascemos com uma malinha de mão vazia e, com o passar dos anos,
recolhemos coisas pelo caminho e vamos aumentando essa bagagem. Porém, chega em
um ponto que esta bagagem está pesada demais para carregarmos sozinhos e não
temos ajuda, afinal, cada um tem sua própria bagagem para carregar. Então, é
necessário aliviar o peso desta bagagem.
Abrindo
a mala da vida, o que vemos dentro: amor, amizade, conquistas, sonhos... e também
raiva, medo, pessimismo, incompreensão... Cada um tem que decidir o que quer
tirar. Vai tirar a coragem ou o medo? O desânimo vai ficar lá no fundo da mala
ou você vai vencê-lo, deixando lá o sorriso? O sorriso ficou? Então deixa a
felicidade na mala também e tira dela a tristeza!
Pronto,
sua bagagem está arrumada e pronta para ser preenchida novamente. Mas toma
cuidado com o que vai colocar lá dentro! O que colocar é uma decisão somente
sua. O caminho é longo, a bagagem pode ficar muito pesada e ser difícil reorganizá-la...
Sem contar que isso leva tempo né?! Afinal temos que “fechar para balanço”...
Sua
bagagem tem a ver apenas com você. Mas e a bagagem do seu filho? Você vai ter
que ajudar a encher e a esvaziar...
O
que não falta é gente para “dar pitaco” na criação dos nossos filhos, não é?!
Bater ou não bater? Dormir na cama com os pais ou dormir sozinho? Dar colo ou
não dar? Amamentar quando o bebê quer ou de 3 em 3 horas? Deixar chorar até
dormir ou ninar?
Eu,
CÍNTIA, dou colo, dou carinho, dou beijo, deixo dormir comigo, levo pra passear... obviamente
nada em excesso (eu sou mãe e eu doso como eu quero), mas eu mimo e curto
bastante minha filha. Tudo passa tão rápido! Fico pouquíssimo tempo com ela e isso é a realidade de muitas mães atualmente. Fico fora de casa cerca de 12/13 horas por dia, vamos colocar que 8 horas são dormindo (sonho de toda mãe), sobram 3 ou 4 horas para arrumar a casa, fazer minhas coisas, conviver com família e amigos e dar atenção a ela. Vou falar não porque ela quer colo? De forma alguma!
O que a Anna vai guardar? Talvez
nada. Mas talvez ela coloque na bagagem os vários “nãos” que ela recebeu de mim
para colo, para dormir comigo, para dengo. Eu prefiro que ela tenha lá na
malinha dela as aventuras, os carinhos, o amor, o aconchego...
Eu a pego no colo antes dela dormir e encho de beijo só pra ver e ouvir as gargalhadas. É esse tipo de coisa que quero que ela deixe na bagagem dela e é isso que eu quero ter na minha.
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Desde o primeiro dia de vida, o bebê
passa por experiências, adquirindo confiança e segurança no ambiente.
Os primeiros três meses
de vida (período conhecido como o “4º trimestre da gestação” ou “exterogestação”)
são os mais especiais porque o bebê ainda está aprendendo a viver fora do útero
e estímulos parecidos com o que ele recebeu no útero o acalmam: a temperatura
no útero é estável, então ele fica mais confortável quando está aquecido; o
bebê era sempre “carregado”, “ninado”, então ele adora sentir outro corpo perto
do seu, como quando está no colo, no canguru ou no sling; o bebê era alimentado
“o tempo todo” pelo cordão umbilical, daí vem a necessidade de mamar e se
sentir bem alimentado; o bebê ouvia o barulho do sangue da sua mãe correndo a
todo tempo na placenta e nas veias, então eles se acalmam quando ouvem um
chiado (nos primeiros meses, com muita cólica, Anna só se acalmava e dormia com
o barulho do secador de cabelo.).
Em
um ponto da vida, o bebê percebe que ele é um individuo separado da sua mãe. Os
pais precisam apoiá-lo ao máximo para que ele se sinta seguro. A ansiedade da separação no bebê é comum
no 4º mês de vida, costuma ser bem intensa no 9º mês e tende a acabar por volta
dos 12º mês. Essas crises foram bem marcantes na vida da minha filha,
principalmente por voltar a acordar durante a madrugada (principalmente por
volta do 9º mês), apenas para receber carinho e atenção. Muitas vezes eu dava a
mão para ela e ela dormia de novo.
Depois,
tem a fase que os medos começam. Anna é bem medrosa e sempre corre pra gente
falando “medo. Medo, mamãe.” e nem sempre sabemos do que ela está com medo, mas
a acalmamos, conversando com ela e fazendo carinho. Medo é uma questão de proteção. Não
sentir medo é perigoso!
Entretanto, o mais
importante numa relação entre pais e filhos é o amor. Além de estar alimentada
e limpa, toda criança espera ser amada. A partir do dia em que nasce, enquanto
cresce e se desenvolve, a criança precisa sentir-se querida, protegida,
elogiada, auxiliada, amparada... Um amor feito de gestos, de dedicação,
carinho, alegria, serenidade, presença física e atenção e não apenas de
palavras faz a criança crescer emocionalmente equilibrada e, na vida adulta, desenvolve
um potencial mais humano.
Minha
mãe costuma dizer que eu “pego pesado” na educação da Anna. Ela ainda não tem 2
anos e pede “por favor”, fala “obrigada”, pede “desculpa” ao trombar em você.
Todo mundo “se assusta” com isso. Mas eu não acho que pego pesado, apenas estou educando-a, preparando-a para ser "gente grande" descente.
Além
de amor e carinho, as crianças precisam ser respeitadas. Sempre conversamos com
ela sobre tudo e sim, ela entende. Explicamos porque não pode fazer tal coisa,
como fazer outra coisa, porque pode fazer algo por tempo limitado. Ela esquece
rapidinho e temos que repetir tudo, mas mantemos nossas respostas. Na educação
podemos ser bem rígidos sim, mas isso não tem a ver com o carinho.
Para
respeitar uma criança é necessário aceitá-la do jeito que é e evitar, ao
máximo, fazer comparações. Cada criança anda no seu tempo, fala no seu tempo, é
desfraldada no seu tempo. Os adultos devem entender que a criança é um ser
humano, vai crescer, desenvolver capacidades diferentes dos demais e construir
sua própria vida, de um modo diferente do que fizeram pai, mãe, avô, avó...
Sabe
o que cada criança quer ser quando ela crescer? Ela mesma! Mesmo que ela ainda
não entenda isso e responda que quer ser professor, médico, lixeiro,
caminhoneiro... Precisamos saber que a grande meta na vida de uma criança é
tornar-se ela própria. Portanto, devemos ensinar as normas de convivência,
nossos costumes, nossa cultura... sabendo que ela vai aprender com você e com
influências externas e vai praticar tudo isso a seu modo, com seus limites, dedicações e
imperfeições.
A
princípio, a criança age de acordo com suas necessidades, vontades e medos. Ela
ainda está aprendendo a compreender relações humanas, analisar situações e
tomar decisões. Nossa função é entendê-la e, com paciência e tolerância,
auxiliá-la até que o tempo a ajude amadurecer e ela possa fazer suas próprias
escolhas de maneira correta.
Olhe
para trás. Pense na quantidade de coisas que você mudaria no seu passado. Pense
na quantidade de oportunidades que você perdeu por ser ingênua demais, imatura
demais. Você é o que é agora porque teve ajuda (ou não) e amadureceu. Ajude seu
filho a amadurecer da melhor maneira possível. Ajude seu filho a ter uma
bagagem confortável para carregar. Gestos de amor que serão modelos
para as futuras ações da criança!!!
Ótimas reflexões!
ResponderExcluir💜 obrigada!
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