quinta-feira, 3 de maio de 2018

Relato de mãe: parto normal


Nenhuma gestação é igual a outra. Nenhum parto é igual ao outro.
Aqui, contei sobre meu parto (a)normal da primeira filha. Como o primeiro parto foi tenso, eu não estava esperando coisa muito fácil no segundo, mas foi. Eu consegui curtir o segundo parto, mas obviamente (sou eu, né?!), tiveram complicações...

Foto de Heoisa Drumond


Acordei sábado com dores e eu estava tão cansada, que falei que minha filha não poderia escolher aquele dia para nascer, pois parecia que um trator havia passado sobre mim e eu não teria forças suficientes para um parto. 
Como meu marido ia pra academia, mandei a filhota pra casa da avó e fiquei deitada. Ele voltou, fomos almoçar na casa da minha sogra, voltamos e deitei de novo. Cólicas e contrações estavam bem fortes, mas eu sabia que ainda não era a hora de correr para o hospital. 

Hora de dormir. Estávamos nós 4 na cama, como sempre (Thiago, Anna, eu e Maria Flor - no barrigão). A Anna não queria desgrudar de mim. Eles dormiram, eu sentia dores. Não encontrava posição confortável, tentei deitar, sentar, andar e nada me ajudava. Eu queria esperar amanhecer para ir ao hospital, mas as dores estavam cada vez piores. Então, tomei um banho demorado, me arrumei e acordei o Thiago: "me leva ao médico?". Ele levantou, separou o que tinha que levar para o hospital, tomou um café, deixamos a Anna na avó umas 4:40h e fomos para o hospital.

O médico disse: está como na última avaliação feita na quinta-feira (Maria estava com taquicardia e tive que fazer exames). Suas contrações não estão sendo suficientes pra dilatar. É bem difícil entrar em trabalho de parto assim antes de 39 semanas.Pensei: ele vai me mandar pra casa! Não aguento mais essa dor. Falei: minha filha nasceu com 38 semanas. Eu estava usando Utrogestan pra segurar essa desde 33 semanas. Parei na quinta.Ele respondeu: fica aí então que daqui a pouco te reavalio. Dica: não fique sentada.

No parto anterior, fiquei subindo e descendo uma rampa. Decidi fazer o mesmo desta vez.Sei lá quanto tempo depois ele me viu toda curvada, durante aquela contração que parece que o bebê está saindo e me disse "em 10 minutos te chamo. Não fica parada". Thiago subiu uns andares de escada comigo e descemos pela rampa. Então, fomos ser reavaliados. Tinha passado 1 hora e meia desde que eu havia sido avaliada pela primeira vez.

Andando para ajudar a dilatar. 

O médico me examinou e disse "você está com 5 cm de dilatação, vamos te internar!". Pronto, Maria ia nascer.

Os papéis da internação demoraram um pouco para sair. Subi para a sala de pré-parto às 8:30h.

No primeiro parto, não tive anestesia e senti muitas dores (explicadas no texto sobre o parto). Conversei com o anestesista, expliquei o que ocorreu e ele disse que tentaria de várias formas, se necessário. A anestesia pegou de primeira. Alívio imediato! Então, começaram a chegar as pessoas. Minha filhotinha ficou comigo, meus sogros e padrinhos da Maria também participaram deste momento. Foi sensacional ter todo mundo por perto. O tempo passou mais rápido, tudo ficou mais fácil!

E a tia Helô estava lá, registrando tudo!

Fotos fofas da Heloísa Drumond

Como na primeira gestação, em tempo recorde ouvi que estava quase, pra surpresa de todos! A médica disse: "9 cm. vou estourar sua bolsa. Na próxima contratação, faz força pra ela descer mais um pouco". Feito isso, fomos para a sala de parto. Tudo preparado para receber minha princesa nesse mundo. 

Era a hora! E a Helô captou meu minha cara de "E agora?" rsrsrs

Faz força, faz força e dor, muita dor. Eu não estava sentindo toda essa dor antes. Eu disse: "Não aguento mais". A madrinha da Maria contou que leram isso nos meus lábios e sabiam que algo estava errado.

A médica descobriu uma fibrose¹ onde a episiotomia² do parto anterior foi feito. A fibrose deixou o tecido grosso e ele não abria mais. A cabeça da minha filha ficou agarrada. A médica disse: vou cortar em cima da fibrose, só um pouco, pra abrir. Cris, dá mais anestesia. Cíntia, faz força.

Comecei a fazer força. Quando a anestesia entrou, eu apaguei. Foi igual a filme, me vi fora do corpo dizendo a mim mesma "faz força, sua filha precisa disso para sobreviver". Voltei a mim fazendo uma força sobrenatural. Maria nasceu, a colocaram sobre mim e já pegaram em segundos. Minha filha não chorava, pois ela estava sufocada. 

Quando a pegaram no colo, ela parou de se mexer, o corpinho dela ficou mole de repente. Tensão geral.  Fizeram manobras de ressuscitação: massagem cardíaca, oxigênio, limpeza de nariz e boca. Ela começava a chorar e parava, mais oxigênio, mais sucção. Enquanto isso, eu ficava "chora filha, chora". O pai chorava. Pedíamos a Deus para ficar tudo bem. De repente, aquele chorinho fraco, o choro que eu tanto esperei ouvir. Maria Flor estava bem.

Enquanto a obstetra conversava comigo sobre os pontos (eu sentia dor sobre a fibrose. Então, anestesiaram localmente), ouvi a pediatra dizer o apgar³ a ela: "nasceu 3. Morreu, ressuscitou e agora é 9". Sim. Minha filha deixou esse mundo por uns segundos e um pedaço do meu coração foi junto. Foram segundos, mas um filme passou na minha cabeça. Me imaginei tentando explicar pra Anna que ela não tinha mais irmãzinha, me imaginei tentando viver sem a Maria e me culpando o resto da vida por eu não ter feito força o suficiente para ela nascer. Me imaginei sendo consolada por todos... Segundos que pareceram horas! Mas, graças a Deus, ela se recuperou e agora nós a temos em nossos braços.



¹ Fibrose: aumento das fibras em um tecido. Sendo a cicatriz um tecido diferente do original, ela não tem a mesma elasticidade, maciez e textura, comportando-se diferentemente quando tracionada, submetida à tensão, etc. 
² Episiotomia: corte cirúrgico feito no períneo, que é a região entre a vagina e o ânus, formada por músculos. Ocorre durante o parto normal, com a intenção de facilitar a passagem do bebê.³ Apgar: avaliação por um pediatra de 5 sinais objetivos do recém-nascido (frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele), atribuindo-se a cada um dos sinais uma pontuação de 0 a 2. O teste é aplicado duas vezes: no primeiro e no quinto minuto após o nascimento.

Fotinhas by Heloísa Drumond:







Emoção nos define.
Pensar sobre o parto, escrever este texto, Thiago ler para revisar... sempre resulta em choro. Mas é choro de gratidão, de felicidade, por ter dado tudo certo!


@minhas24horas




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