Como diria Simone de Beauvoir, nunca esqueça que basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados. Esses direitos não são permanentes. Você terá que manter-se vigilante durante toda sua vida.
Ah, essa vigilância... Exaustiva e incansável que precisamos manter em uma sociedade que se compadece com o "pai de família" que pratica seu machismo cotidiano em outro país porque a desculpa está no excesso de álcool, enquanto usa a mesma desculpa (do álcool) para culpabilizar mulheres vítimas de assédio.
Vigilância que precisamos manter num país onde milhares de mulheres são assassinadas e violentadas brutalmente por homens ou grupos deles que não são responsabilizados, punidos ou se quer identificados.
Vigilância que precisamos manter numa sociedade que meninas não podem brincar na rua, porque são raptadas, molestadas e têm a vida encerrada.
Vigilância que precisamos manter num país onde, quando uma mulher tenta falar, explicar suas posições, conhecimentos e propostas é comum a prática de mansplaining e/ou manterrupting.
Quem Inova - Catraca Livre |
É só abordarmos algum assunto relacionado aos direitos das mulheres, ao seu corpo ou seus desejos aparecerem que logo aparecem também uma tempestade de comentários machistas de pessoas que se dizem nada machistas.
Impressionante como a hipocrisia domina as pessoas, como o machismo cega e como a falta de diálogo e reflexões coletivas conduzem ao individualismo e alienação sem fim.
Se é a mulher que está em pauta, pronto! Logo aparecem os comentários que culpabilizam e atribuem responsabilidades únicas às nascidas diante do sexo feminino.
São muitos os comentários infelizes, carregados de julgamento e sem nenhuma empatia. Aparenta-me que essas pessoas importam falsamente com as condições de vida e saúde das mulheres, porque não as vejo em rodas de conversas para discutirem direitos e deveres, nem em manifestações, nem ocupando espaços públicos, constitucionais, para organização social em prol das mulheres, nem em debates sobre temas relacionados... Não vejo posições reflexivas ou diálogos inclusivos, apenas julgamentos, condenações e uma conotação de "bem feito para ela".
Impressionante como a hipocrisia domina as pessoas, como o machismo cega e como a falta de diálogo e reflexões coletivas conduzem ao individualismo e alienação sem fim.
Se é a mulher que está em pauta, pronto! Logo aparecem os comentários que culpabilizam e atribuem responsabilidades únicas às nascidas diante do sexo feminino.
São muitos os comentários infelizes, carregados de julgamento e sem nenhuma empatia. Aparenta-me que essas pessoas importam falsamente com as condições de vida e saúde das mulheres, porque não as vejo em rodas de conversas para discutirem direitos e deveres, nem em manifestações, nem ocupando espaços públicos, constitucionais, para organização social em prol das mulheres, nem em debates sobre temas relacionados... Não vejo posições reflexivas ou diálogos inclusivos, apenas julgamentos, condenações e uma conotação de "bem feito para ela".
Por exemplo: o fato de uma mulher engravidar (sem entrar na discussão de descriminalização do aborto)... Veja quanto machismo!
Atenção: as próximas linhas são carregadas de ironia.
"Não quer engravidar é só não abrir as pernas". Realmente, mulher não tem o direito de sentir prazer, de ter relações sexuais ou fazer o que quiser com suas pernas e o que está entre elas. Isso é coisa de homem!
"Mulher tem que se dá o respeito". Realmente, a mulher é a "culpada" pelo assédio e pela eventual gravidez, afinal, a responsabilidade pelos métodos contraceptivos é totalmente dela e quem mandou andar com roupa que mostra o corpo. Assim o rapaz não tem como evitar.
Atenção: as próximas linhas são carregadas de ironia.
"Não quer engravidar é só não abrir as pernas". Realmente, mulher não tem o direito de sentir prazer, de ter relações sexuais ou fazer o que quiser com suas pernas e o que está entre elas. Isso é coisa de homem!
"Mulher tem que se dá o respeito". Realmente, a mulher é a "culpada" pelo assédio e pela eventual gravidez, afinal, a responsabilidade pelos métodos contraceptivos é totalmente dela e quem mandou andar com roupa que mostra o corpo. Assim o rapaz não tem como evitar.
"A verdade é que só engravida quem quer". Realmente, não sei como pode acontecer uma gravidez indesejada se as escolas abordam educação sexual, se falar de sexualidade em casa não é tabu, se todas as pessoas têm acesso à informação de qualidade e a métodos contraceptivos das mais variadas formas e que nunca, nunca, nunca falham! Nunca conheci alguém que engravidou usando DIU, preservativo, anticoncepcional...
"Nunca vi falar que a gravidez é indesejada ou querer abortar quando o pai é rico". Realmente, no país da desigualdade de renda, onde o grupo de 50% com menor renda ganha, em média, menos que um salário mínimo por mês (IBGE com dados da PNAD de 2016) e o 1% mais rico fica com 27% da renda nacional (Atlas da Desigualdade) e tem rendimento mensal, em média, de 36 vezes mais que o de metade da população (IBGE com dados da PNAD de 2017), vemos muitas mulheres dando o famoso golpe da barriga para enriquecer com a pensão altíssima e ter uma vida de luxo com os filhos. Os pais, coitados, além de registrar a criança, ainda têm a guarda compartilhada, são presentes e trabalham muito para pagar a pensão com antecedência.
Atenção: acabaram as linhas carregadas de ironia.
Quanta hipocrisia!
E nós, mulheres, temos que viver com a ideia de que nossos direitos não são permanentes e que temos que manter a vigilância durante toda a vida. A luta é diária! Por nós e outros grupos que estão sempre sendo atacados.
Atenção: acabaram as linhas carregadas de ironia.
Quanta hipocrisia!
E nós, mulheres, temos que viver com a ideia de que nossos direitos não são permanentes e que temos que manter a vigilância durante toda a vida. A luta é diária! Por nós e outros grupos que estão sempre sendo atacados.
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