Organizando as caixas da mudança, achei alguns materiais da faculdade e resolvi dar uma olhada. Encontrei uma apostila das matérias de Psicologia e Psicomotricidade (que cursei durante um semestre), e um capítulo me chamou muito a atenção: "A Síndrome da Adolescência Normal". Resolvi pesquisar mais sobre o assunto.
Estou vivendo grandes desafios e descobertas com minha filha mais velha. Ela está com 11 anos, e segundo a sua pediatra e alguns estudos que procurei, a fase da adolescência se estendeu. Pasmem! Agora vai dos 10 aos 24 anos (há outras teorias e podemos falar sobre os motivos em outro post)!
Então, a convivência com nossos filhos será maior na adolescência do que na infância. Mais uma vez, vamos nos preparar!
Sabemos que cada ser humano é único. Cada um tem sua bagagem biológica, genética individual, assim como talentos, virtudes, fraquezas, defeitos, tendências... Há uma diversidade de características em cada um de nós!
Além disso, os fatores sócio-culturais, educação, família, religião, ambiente, influenciam na nossa formação e determinam comportamentos. Porém, vários estudos verificaram algumas manifestações específicas na adolescência que são universais, independem do meio em que o adolescente vive. O que pode diferenciar é o grau em que elas se apresentam e quais irão se sobressair em cada indivíduo.
Essas características descrevem os "sintomas" que compõe a "Síndrome da Adolescência Normal".
1) Busca de si mesmo e da identidade
Com as rápidas mudanças corporais que ocorrem neste período, surge um sentimento de estranhamento em relação ao próprio corpo. A identidade :"consciência que o indivíduo tem de si como um ser no mundo", é construída ao longo da vida e tem especial importância na adolescência. Esse processo acontece através da formulação da autoimagem , autodefinição corporal e psicológica, encontros fortuitos, paixões repentinas, transitoriedade, relacionamentos... Muitas vezes o adolescente não é reconhecido neste esforço e pode se sentir culpado.
2) Tendência grupal
Uma característica que representa muito a adolescência! Quem aí lembra? Dos grupinhos, das "panelinhas"? Neste grupo o adolescente busca uma identidade que facilita a resolução das ansiedades, modismos, posições ideológicas e filosóficas. E aí, cada um vai se enquadrando numa turma ou vai experimentando um pouco de cada uma delas, até se encontrar (voltando na busca de si mesmo e da identidade). O grupo representa parte da dependência que antes era da família, principalmente dos pais. Ao passar por essa experiência grupal, o adolescente aos poucos vai se distanciar da turma e assumir sua identidade adulta.
3) Necessidade de intelectualizar e fantasiar
O raciocínio evolui, e o adolescente recorre ao pensamento para compensar as perdas que ocorrem dentro de si e que ele não pode controlar. Essa etapa é marcada por três tipos de luto: pelo corpo de criança, pela identidade infantil e pela relação com os pais na infância. A vivência dos lutos podem gerar um sentimento de depressão e fracasso frente a realidade externa. É comum adolescentes chorarem "sem motivo" e ficarem mais sensíveis nesta fase.
4) Crises religiosas
Essas crises podem ir desde o ateísmo mais intransigente até o misticismo mais fervoroso. Entre essas duas posições podem ocorrer mudanças frequentes alternando entre uma e outra. Essas oscilações são tentativas de soluções de angústias, no confronto com a possibilidade de morte e perda de seus pais.
5) Deslocalização temporal
O adolescente tende a vivenciar o tempo de forma peculiar. Tudo é urgente e as postergações são aparentemente irracionais. "Por que deixar pra depois?" O adolescente tem a percepção do tempo diferente de um adulto. Essa visão também funciona como uma defesa.
6) Evolução sexual
A sensação de estar apaixonado é um dos componentes mais importantes da vida do adolescente e, neste momento, tem características de vínculo intenso e frágil, que tende a evoluir para o amor maduro. Pode apresentar variadas tendências. Acontece desde o auto-erotismo até a heterossexualidade.
7) Atitude social reivindicatória
O adolescente se percebe como parte de uma coletividade, isso o torna capaz de uma ideologia, de uma atitude e de um posicionamento. Ao mesmo tempo, alguns apresentam tendências antissociais ou associais.
8) Contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta
O adolescente não mantém uma linha de conduta rígida, permanente e absoluta, ainda que muitas vezes o pretenda ou procure. Tem uma personalidade permeável, que recebe tudo e que também projeta enormemente. E esses processos são intensos, variáveis e frequentes. O adolescente pode ter identidades ocasionais, transitórias, circunstanciais.
9) Separação progressiva dos pais
Assim como o adolescente, a família também enfrenta o luto. E como é desafiante! O que determina como se dará essa separação é o tipo de relação que foi construída durante a infância. Em decorrência desta separação, o adolescente procura identificação com ídolos de diferentes tipos (cinematográficos, musicais, esportivos). Há também as oscilações entre dependência e independência dos pais.
10) Constantes flutuações de humor
Diante de tantas modificações, conquistas e impedimentos, o adolescente oscila entre manifestações depressivas e eufóricas, além de uma flutuação constante de humor. Esta atitude também está relacionada ao processo de luto enfrentado nesta idade.
Resumi um pouquinho do que achei sobre essa "síndrome", não para acobertar ou justificar condutas e comportamentos. A intenção é buscar cada vez mais conhecimento para compreendermos melhor essa fase tão desafiante e transformadora. Maurício Knobel deixa claro que "somente quando o mundo adulto compreende e facilita adequadamente a tarefa evolutiva do adolescente, ele poderá desempenhar-se satisfatoriamente, elaborando uma personalidade mais sadia e mais feliz".
Recordando a minha adolescência, consegui me encaixar em vários sintomas! E vocês? Lembrei que na novela Chiquititas (que eu gostava demais), tinha uma música sobre adolescente que terminava assim:
Gostei muito desse finalzinho! Longe de rótulos e de julgamentos, acredito que o caminho é a conquista mesmo! Através do diálogo, da educação, de limites, da compreensão, do carinho, do repeito mútuo, do exemplo e do amor! Saber escutar e acolher nossos adolescentes. Buscar conhecimento para caminharmos juntos. Errando e acertando, querendo fazer o melhor.
Que possamos acreditar nos sonhos dos nossos adolescentes! Que consigamos acompanhá-los e guiá-los na realização destes sonhos! Que saibamos enfrentar juntos estas transformações e desafios da adolescência.
Escutei uma vez quando era adolescente: "São lagartas em um casulo, e após a metamorfose, sairão dali com asas fortes e firmes para vôos surpreendentes!"
Vou deixar o nome de alguns livros que estão me ajudando nesta fase e que usei para me ajudar neste texto!
Adolescência Normal - Arminda Aberastury / Mauricio Knobel
Help! Me eduque - Rossandro Klinjey
A autoestima do seu filho - Dorothy Corkille Briggs
Educadores do coração - Walter Barcelos
O livro das crianças - Osho
Abraços fraternos!!!
Com as rápidas mudanças corporais que ocorrem neste período, surge um sentimento de estranhamento em relação ao próprio corpo. A identidade :"consciência que o indivíduo tem de si como um ser no mundo", é construída ao longo da vida e tem especial importância na adolescência. Esse processo acontece através da formulação da autoimagem , autodefinição corporal e psicológica, encontros fortuitos, paixões repentinas, transitoriedade, relacionamentos... Muitas vezes o adolescente não é reconhecido neste esforço e pode se sentir culpado.
2) Tendência grupal
Uma característica que representa muito a adolescência! Quem aí lembra? Dos grupinhos, das "panelinhas"? Neste grupo o adolescente busca uma identidade que facilita a resolução das ansiedades, modismos, posições ideológicas e filosóficas. E aí, cada um vai se enquadrando numa turma ou vai experimentando um pouco de cada uma delas, até se encontrar (voltando na busca de si mesmo e da identidade). O grupo representa parte da dependência que antes era da família, principalmente dos pais. Ao passar por essa experiência grupal, o adolescente aos poucos vai se distanciar da turma e assumir sua identidade adulta.
3) Necessidade de intelectualizar e fantasiar
O raciocínio evolui, e o adolescente recorre ao pensamento para compensar as perdas que ocorrem dentro de si e que ele não pode controlar. Essa etapa é marcada por três tipos de luto: pelo corpo de criança, pela identidade infantil e pela relação com os pais na infância. A vivência dos lutos podem gerar um sentimento de depressão e fracasso frente a realidade externa. É comum adolescentes chorarem "sem motivo" e ficarem mais sensíveis nesta fase.
4) Crises religiosas
Essas crises podem ir desde o ateísmo mais intransigente até o misticismo mais fervoroso. Entre essas duas posições podem ocorrer mudanças frequentes alternando entre uma e outra. Essas oscilações são tentativas de soluções de angústias, no confronto com a possibilidade de morte e perda de seus pais.
5) Deslocalização temporal
O adolescente tende a vivenciar o tempo de forma peculiar. Tudo é urgente e as postergações são aparentemente irracionais. "Por que deixar pra depois?" O adolescente tem a percepção do tempo diferente de um adulto. Essa visão também funciona como uma defesa.
6) Evolução sexual
A sensação de estar apaixonado é um dos componentes mais importantes da vida do adolescente e, neste momento, tem características de vínculo intenso e frágil, que tende a evoluir para o amor maduro. Pode apresentar variadas tendências. Acontece desde o auto-erotismo até a heterossexualidade.
7) Atitude social reivindicatória
O adolescente se percebe como parte de uma coletividade, isso o torna capaz de uma ideologia, de uma atitude e de um posicionamento. Ao mesmo tempo, alguns apresentam tendências antissociais ou associais.
O adolescente não mantém uma linha de conduta rígida, permanente e absoluta, ainda que muitas vezes o pretenda ou procure. Tem uma personalidade permeável, que recebe tudo e que também projeta enormemente. E esses processos são intensos, variáveis e frequentes. O adolescente pode ter identidades ocasionais, transitórias, circunstanciais.
9) Separação progressiva dos pais
Assim como o adolescente, a família também enfrenta o luto. E como é desafiante! O que determina como se dará essa separação é o tipo de relação que foi construída durante a infância. Em decorrência desta separação, o adolescente procura identificação com ídolos de diferentes tipos (cinematográficos, musicais, esportivos). Há também as oscilações entre dependência e independência dos pais.
10) Constantes flutuações de humor
Diante de tantas modificações, conquistas e impedimentos, o adolescente oscila entre manifestações depressivas e eufóricas, além de uma flutuação constante de humor. Esta atitude também está relacionada ao processo de luto enfrentado nesta idade.
Resumi um pouquinho do que achei sobre essa "síndrome", não para acobertar ou justificar condutas e comportamentos. A intenção é buscar cada vez mais conhecimento para compreendermos melhor essa fase tão desafiante e transformadora. Maurício Knobel deixa claro que "somente quando o mundo adulto compreende e facilita adequadamente a tarefa evolutiva do adolescente, ele poderá desempenhar-se satisfatoriamente, elaborando uma personalidade mais sadia e mais feliz".
Recordando a minha adolescência, consegui me encaixar em vários sintomas! E vocês? Lembrei que na novela Chiquititas (que eu gostava demais), tinha uma música sobre adolescente que terminava assim:
"Adolescente é um bicho diferente
Adolescente, não chegue perto, porque morde
Adolescente, esse bebezão gigante
NÃO ME PARES, ME CONQUISTA, E VEM COMIGO!"
Gostei muito desse finalzinho! Longe de rótulos e de julgamentos, acredito que o caminho é a conquista mesmo! Através do diálogo, da educação, de limites, da compreensão, do carinho, do repeito mútuo, do exemplo e do amor! Saber escutar e acolher nossos adolescentes. Buscar conhecimento para caminharmos juntos. Errando e acertando, querendo fazer o melhor.
Que possamos acreditar nos sonhos dos nossos adolescentes! Que consigamos acompanhá-los e guiá-los na realização destes sonhos! Que saibamos enfrentar juntos estas transformações e desafios da adolescência.
Escutei uma vez quando era adolescente: "São lagartas em um casulo, e após a metamorfose, sairão dali com asas fortes e firmes para vôos surpreendentes!"
Vou deixar o nome de alguns livros que estão me ajudando nesta fase e que usei para me ajudar neste texto!
Adolescência Normal - Arminda Aberastury / Mauricio Knobel
Help! Me eduque - Rossandro Klinjey
A autoestima do seu filho - Dorothy Corkille Briggs
Educadores do coração - Walter Barcelos
O livro das crianças - Osho
Abraços fraternos!!!
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