quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Relato de mãe: parto natural no Sofia Feldman


A mamãe Dayana, minha amiga, teve a princesinha Yuna de um jeito fantástico!
Eu, grávida da Anna, vi o vídeo quando fui conhecer a pequena e fiquei encantada!!! 
E ela contou tudo pra gente. Confira!






O início de tudo...

"Sempre quis ser mãe, e morria de medo de não poder. Esse sempre foi meu maior sonho.
Desde que começamos a namorar, em 2007, eu falava sobre isso com o Hudson. Mas isso nos parecia uma possibilidade distante, éramos recém-formados, eu, por opção, morava sozinha de aluguel e ele com os pais. Deus sempre nos abençoou muito, em tão pouco tempo ele conseguiu reconhecimento no emprego, eu não consegui colocação no mercado na minha área de formação, mas continuei trabalhando. Com cinco anos de namoro nos casamos, um ano e pouco depois, demos entrada na nossa casinha.

Um dia, por acaso, me interessei por um encontro de casais da Paróquia São José e São Gabriel Passionista do bairro Milionários, que ocorreu em fevereiro de 2014.
Esse encontro foi uma renovação para nós, conversamos sobre tudo, desabafamos e, por fim, decidimos deixar nas mãos de Deus o que para nós parecia tão distante: nosso bebê.
A gente fica sempre colocando obstáculos e outros projetos à frente quando na verdade uma frase tão conhecida é a que faz realmente sentido: “Deus não escolhe os capacitados, ele capacita os escolhidos”. Parei de tomar anticoncepcional e deixei na mão de Deus”.

  

A descoberta da gravidez...

"Em junho tive um atraso menstrual, a visitinha que deveria ter se apresentado dia 4 até o dia 8 de julho não deu as caras. 
Já tinha acontecido isso antes, mesmo enquanto eu tomava o remédio, mas dessa vez eu senti diferente, como um pequeno inchaço no ventre. Sem contar que no dia 18 de junho eu tive um pequeno sangramento que, pelo que pesquisei, deveria ser um escape que indicaria a fecundação, nidação.

No dia 8 de julho, eu fui para a casa da minha mãe e lá dormi, mas a curiosidade era tanta que comprei um teste de farmácia no caminho, embora sabia que não ficaria satisfeita com qualquer resultado que desse. Fiz o teste no dia seguinte e a segunda listrinha tímida apareceu indicando o positivo, coração acelerou, não via a hora de fazer o beta HCG.

Dia 11/08 eu fiz o beta, logo de manhã pra garantir que o resultado saísse no mesmo dia. Senão teria que esperar até a semana seguinte, seria muito sofrimento!
Previsto para a tarde eu comecei a buscar no PC do serviço: site bloqueado (oh bênção, viu!). Haja ansiedade! Para ajudar, a internet do celular não pegava nem a pau!
Paciência, teria que passar lá após o serviço ou esperar até em casa, essa opção eu não aceitava muito porque queria apresentar o resultado ao meu esposo, que pra mim já era positivo, de uma forma diferente. Após o serviço corri para o laboratório: fechado! Ave Maria porque isso acontece comigo? Não tive dúvida, comprei um sapatinho e uma caixinha, eu colocaria meu positivo lá dentro. Cheguei em casa e corri pra ver o resultado: não deu outra! Bênção de Deus mesmo, imprimi correndo, olhei 1001 vezes pra ter certeza, e fiquei esperando meu amor.

Quando ouvi o carro entrando corri pra trás da porta da sala com a caixinha na mão. Assim que ele abriu, deu de cara comigo e a caixinha na mão, ficou meio sem entender, mas quando abriu foi só emoção! A partir de então comecei a pesquisar sobre tudo relacionado a parto."



O pré-natal...

"Eu já tinha visto na TV o parto da filha da Ana Maria Braga, natural em casa, e queria assim, mas não sabia o quanto isso me custaria, por exigir profissionais que me acompanhassem em casa no momento do parto. Então fiquei sabendo que o Sofia Feldman faz, e fiquei super feliz, porque seria realmente possível.
Já fazia o pré-natal pelo plano do meu esposo, então continuei, embora os profissionais com os quais tive contato não me satisfizessem, porque a primeira fugia do parto e o segundo deixou claro que adorava intervenções, mas como eles não botariam a mão em mim mesmo…

No dia 22/10/14, conheci a Júnia, minha doula, pelo grupo partoativobh, do Yahoo, ela oferecia doulagem voluntária (mais uma bênção, eu queria tanto esse apoio e morria de medo do preço). Tudo pronto pro nosso bebê vir ao mundo como Deus planejou.

Dia 22/11/14 fomos ao hospital conhecer tudo por lá, queria tanto me lembrar do nome da profissional que me apresentou tudo, era uma lindinha super carinhosa, no fim, conversamos com a enfermeira Raquel Rabelo que me orientou a procurar o hospital com 32 semanas para continuar o pré-natal. Nesse intervalo a minha única tristeza foi o exame do cotonete (streptococo B) que deu positivo, o que impediria meu parto domiciliar porque teria que tomar antibiótico na veia durante o trabalho de parto a fim de evitar que fosse passado pra Yuna, mas o resto seguia tudo bem.

Fiz assim e acabei conhecendo as enfermeiras Kelly, Cíntia, depois a Carla (essa eu não gostei muito porque veio logo me falando de descolar a bolsa, eu já estava com 40 semanas e 3 cm de dilatação, sem contrações, mas a anterior não tinha apresentado essa possibilidade já pra consulta seguinte e por isso me assustei, além do mais nunca tinha ouvido falar nesse procedimento e o toque dela foi o mais incômodo de todos).

Durante a consulta com a Carla, liguei pra Júnia mas não consegui falar, então não deixei prosseguir o procedimento. Mais tarde consegui falar com ela e chegamos ao acordo que era melhor induzir mecanicamente, pelo descolamento, do que quimicamente, pelo soro. Liguei pra Kelly, que foi em quem mais confiei, e ela conseguiu uma consulta pra manhã seguinte, com a Isabela. Pedi pra fazer o descolamento pra tentar apressar as coisas, se não teria que me internar dia 25 pra receber o bendito sorinho do qual eu fugia tanto, hormônio sintético.

Ela foi cuidadosa, uma gracinha, senti uma pressão e um pequeno sangramento. Ainda fiz a cardiotocografia, que serve pra ver se o bebê está se mexendo como esperado e a intensidade das contrações, que eu nem sentia. 
O procedimento não adiantou, a pequena queria mais um tempinho pra nascer.

A outra opção, se não me internar, era fazer uma ultra dia sim dia não pra acompanhar. Chegou o dia 18 que era a data prevista e nada da boneca. Fui numa consulta pelo plano, por medo de ir na maternidade e quererem me internar! A GO eu já conhecia porque já tinha consultado com ela uma vez e porque presta serviço também onde eu trabalhava, não gostava dela mas era a data mais próxima. 
A intenção da consulta era fazer novo descolamento, ver como estavam os batimentos cardíacos e pedir um ultra, mas ela me explicou que não era possível, pois ele não cola de novo. Ela falou que era melhor eu seguir a orientação de me internar porque minha princesa podia ter morte súbita e, se eu não tivesse estudado tanto, teria saído de lá com a cabeça cheia (eu e minha sogra que me acompanhou, mas como eu a mantinha informada sobre tudo o que estudava ficou tão tranquila quanto eu).
Ela olhou os batimentos e estavam normais, então segui com o plano de esperar a hora dela...

Ainda no mesmo dia, fiz uma caminhada de uma hora, desacompanhada porque meu esposo tinha chegado cansado do serviço, mas deixei ele de sobreaviso. Fui ouvindo a playlist que tinha escolhido para o parto, algumas músicas eu não conhecia bem ainda, só tinha ouvido uma vez pois eram sugestões da minha doula, e eu tinha gostado da melodia e da letra. Meu esposo então me ligou pra voltar pro jantar na casa da minha sogra e assim, como nos dias anteriores, depois voltamos para casa pra dormir e descansar. 
Eu já vinha fazendo exercícios na bola, caminhadas, faxina em casa... tudo na esperança de a Yuninha vir logo porque morro de medo de cesárea. Então, no dia anterior aquela caminhada noturna era mesmo uma tentativa desesperada."




O trabalho de parto...

"Por volta das 2 da manhã eu comecei a sentir as primeiras contrações de toda a gravidez. Como durante meus estudos li que o primeiro parto pode demorar até dias e eu não estava sentindo o endurecer da barriga, achei que eram de treinamento. Mas elas já estavam bem incômodas. 
Conforme orientada pela doula fui pra debaixo do chuveiro quente pra ver se passava ou se aumentava, no segundo caso seria sinal de trabalho de parto. A primeira vez passou. Então voltei a dormir. Tempos depois voltou e fiz o mesmo, mas não passava. E fui pra sala ficar numa posição mais cômoda: sentada num banquinho do kit de churrasco que meu esposo ganhou tempos atrás. Aliás era nele também que ficava embaixo do chuveiro porque é baixinho quase de cócoras e aliviava demais. Quando me senti melhor voltei pra cama. Tudo isso com o Hudson dormindo... 

Eram umas sete da manhã quando senti contração novamente e voltei pro chuveiro. Ele acordou, acho que porque seria próximo do horário de acordar pra trabalhar, e me perguntou o que estava acontecendo, porque eu estava indo pro chuveiro de novo, não tinha percebido que ele viu a vez anterior. Eu falei que estava sentindo contrações, mas achava que eram de treinamento porque não estava endurecendo a barriga. Mas elas estavam ritmadas cerca de 7 em 7 minutos. Quando voltei pra cama ele colocou a mão nela pra sentir e assim que o fez veio nova contração e ele, assustado, falou que estava dura sim. Foi muito rápido! Na sequência eu senti algo escorrer e fui pro banheiro achando que era a bolsa mas ele olhou na cama e disse que não tinha nada e quando olhei era sangue. Como sabia que é normal um pequeno sangramento no trabalho de parto, fiquei tranquila, já ele ficou assustado e resolveu ligar pra Júnia: “oi Júnia, a Dayana não tá nada bem!” tive que segurar pra não rir, explicou o que tinha acontecido e ela também falou que era normal e pediu pra olhar de quanto era o intervalo entre as contrações, já eram de 5 minutos, e então eu vomitei o que indicava trabalho de parto latente.

Resolvemos nos encontrar na casa da minha sogra pra seguirmos juntos pro Sofia, mas quando chegamos lá as contrações ficaram ainda mais próximas. 
Minha bola estava lá e pra aliviar um pouco eu estava fazendo os exercícios, o que provavelmente acelerou o processo. Decidimos nos encontrar direto no Sofia então. No carro fomos eu e minha sogra atrás e meu sogro e o Hudson na frente. Meu sogro não parava de falar de coisas nada a ver e eu estava nervosa embora contida, e minha sogra que é mais explosiva falava pra ele ficar calado e rezava."



O parto...

"O trânsito estava milagrosamente tranquilo e chegando lá tive que aguardar ser chamada pra sala de ultrassom, acho que seria pra ver a quantidade de líquido, mas quando entrei na sala e conversamos acho que a médica percebeu que eu já estava em trabalho de parto ativo e me mandou aguardar na recepção novamente pra olharem a dilatação. Cada minuto parecia uma eternidade. Enquanto minha sogra fazia minha ficha, entramos eu e o Hudson na salinha com umas três enfermeiras. Uma me pediu pra deitar, o que eu fiz com um pouco de dificuldade por causa do incômodo das contrações. Ela olhou a dilatação e na maior alegria do mundo falou pro meu marido: “Está completa!” e as outras comemoraram juntas, foi muito engraçado porque ele não entendeu nada e perguntou o que significava e ela disse que já ia nascer. 

Então fui conduzida pra um banheiro muito pequeno ali perto pra aguardar a liberação de uma sala de parto com banheira, como eu queria. Para que eu pudesse aliviar a dor, eu estava debaixo do chuveiro (já que eu não queria qualquer intervenção, queria natural). 
Nesse ponto já era umas 9 horas. Então a Júnia chegou, eu estava sentada na banqueta de parto, ela colocou minha playlist pra tocar, um aromatizador e conversando me acalmava e enquanto isso filmava e tirava fotos e depois fez massagens nos meus ombros. 

A enfermeira, muito cuidadosa e respeitosa ficou agachada na minha frente acompanhando os batimentos periodicamente enquanto outra traria o antibiótico. 
A sala nada de liberar… o parto seria ali mesmo!

Lembro um pouco do sorriso da enfermeira elogiando minha calma e quando começou o expulsivo e deu pra ver o cabelinho da Yuna ela me avisou. Foi mágico, eu acariciei aquele tiquinho que eu já podia sentir e soltei a mão do Hudson porque eu queria que ele amparasse, se ele sentisse confortável, estava tudo no plano de parto, seguido à risca. 
Não havia tempo para o antibiótico quando ele chegou. Algumas contrações depois, um ardor muito irritante, círculo de fogo, pelo pequeno rasgo no períneo e a cabecinha acabou de sair, com o rostinho pra baixo eu ficava cada vez mais ansiosa pra vê-la. A enfermeira pediu pro Hudson fechar o chuveiro. 
Ardia demais e eu estava até com medo de quando viesse a próxima contração e a vontade de fazer força, porque ia doer. Então ela veio, às 10h em ponto, e foi tão rápido, o Hudson resolveu não amparar, a enfermeira o fez e trouxe direto pro meu colo.
Apgar 8/10, e eu e o Hudson ficamos babando nossa cria! 
Ela fez cocô enquanto saia, tinha uma circular de cordão, e não chorou, só espirrou duas vezes e se aconchegou no meu colo. 
Mais uma contração e a placenta saiu, como se estivesse sendo cuspida de tão rápido. 
A Júnia me orientava a amamentá-la, mas ela era tão molinha que eu tinha até medo de movê-la, e ela estava de olhinhos abertos olhando pra mim e para o pai, uma expressão mais normal do mundo como que diz: “cheguei, está tudo bem aqui né? Então tá bom” e tirou um cochilinho. 

Vieram os panos da maternidade para a envolver e fomos levados para a sala de sutura. Tive uma laceração de segundo grau (o que seria feito se eu tivesse autorizado a episiotomia). Como havia chance de um rasgo menor, preferi sem a episiotomia, claro. 
Algumas anestesias locais para os pontos internos, outras para os externos, essa não fizeram diferença pois doeu absurdamente, e nesse intervalo, depois de pesá-la (2,845kg), medí-la (48cm) e vestí-la, novas tentativas de amamentá-la, enquanto eu ainda estava deitada e sendo costurada (nessa parte eu estava ficando nervosa, pois não conseguia me concentrar na amamentação sentindo dor). A Yuna queria mais era dormir!

Meus sogros estavam na sala e cuidavam da pequena enquanto eu, na sequencia, fui tentar tomar um banho. Eu estava muito bamba e, a cada movimento, um sangramento e uma sensação que iria desmaiar. Com a ajuda da Júnia e de um enfermeiro muito atencioso que conseguiu uma cadeira pra facilitar, eu pude dar um jeito e então fomos levados para o quarto. 
Ali nós ficamos juntinhas, na mesma cama. Lá eles não têm bercinho, mas eu amei ficar agarradinha nela. 
Ela só foi acordar às 14h e muito faminta!
E assim começou nossa nova vidinha…"



Emocionante, não é?!



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