Você começou a ir para a escola e está amando, já está muito mais esperto e disparou a falar papai, mamãe... muito fofo!
O mês de outubro é conhecido como outubro rosa, é o mês de conscientização do câncer de mama. Nós fizemos várias ações antes e durante o mês, você sempre vai comigo em todas e as professoras da escola ficam orgulhosas em ter um aluno “famoso”! Fizemos um ensaio maravilhoso com a tia Suellen que é fotógrafa em parceria com o tio Léo que é maquiador e passamos o dia fotografando juntos com a tia Lilian, tia Ju e tia Débora, foi muito divertido e as fotos ficaram lindas D+!
A mamãe foi convidada a dar uma entrevista para a Revista Crescer impressa e uma dessas fotos foi parar na revista, ficou linda e perfeita!
Também fomos fotografar em uma pousada em Macacos com o tio Dani e foi maravilhoso, ganhamos uma cesta de café da manhã da tia Ju da Fino Amor Cestas e um biquíni maravilhoso da Cila, foi muito legal e você aproveitou muito a piscina!
Alguns dias depois desse ensaio, a mamãe iniciou mais um ciclo de quimioterapia e na última aplicação assim que acordei já comecei a sentir muita dor no corpo e tive febre. Estava muito nervosa porque queria viajar e falei que a febre era por isso. Peguei um texto que o tio Anilton (psicólogo) tinha mandado para eu ler e comecei a me acalmar até que a febre foi embora, mas a dor no corpo não passava e não consegui te levar para a escola nem na segunda e nem na terça, fiquei lembrando do texto que o título é esse: "O vale da Coragem" e tem uma parte que fala que a única forma de vencer uma coisa, é passar por ela.
Criei coragem e pedi para o papai me levar para o hospital, porque não estava mais aguentando de dor e meu nariz estava sangrando muito.
O tio Enaldo estava viajando e quem tinha me atendido na última quimio foi a Tia Carol que é a mais fofa das fofas e ela estava realmente preocupada com as plaquetas que estavam muito baixas na época e tinha me pedido para repetir os exames na semana seguinte que era a minha semana de folga da quimio e enviar para ela, mas não deu tempo e fui para o hospital antes tentar falar com ela, mas ela estava em consulta e fomos para o Pronto Socorro. Chegando lá o Tio Luiz me atendeu e pediu alguns exames, a mamãe chegou nervosa e chorando, com muita dor no corpo, mas rapidinho fui acalmando, tentando respirar e manter os pensamentos tranquilos que eu precisava passar por aquilo para melhorar.
A enfermeira veio e tentou tirar o sangue no pé e não saiu nenhuma gota, não posso puncionar nos braços porque fiz esvaziamento axilar dos dois lados, então pedi para puncionar o cateter e para a minha surpresa a Tia Carol autorizou! Já falei que a amo? rsrs... A enfermeira veio, puncionou e o sangue não estava saindo, novamente tentei concentrar e pedir a Deus para o cateter não ter estragado. Olhei o relógio e vi que os enfermeiros da oncologia ainda estavam lá e pedi para ligarem pra lá.
A tia Renata atendeu e falou que o sangue tinha que retornar e se não estava retornando era porque não estava no lugar certo.
Na hora falei:
- Pede pra ela vir aqui!!! Pelo amooooor de Deus!
E ela foi... encostou no cateter e o sangue saiu! Que alívio!
Quase chorei de felicidade!
Enquanto não saia o resultado dos exames, fui encaminhada para o otorrino para ver o nariz que não parava de sangrar. No caminho encontrei com a tia Carol e ela falou:
- "Você não quer ficar uns dias aqui comigo?"
- Tá doida? Quero ficar na minha casa com meu filho! Sai fora!!!
- "Tá bom... vamos ver seus exames."
- Não inventa!!!
A otorrino viu meu nariz, cauterizou uns vazinhos que eu tinha arrebentado de tanto assoar o nariz e me proibiu de assoar, passou um lubrificante e um antibiótico local para um abcesso que tinha aparecido na lateral do nariz. Prometi tentar não assoar mais e voltei para o box para esperar o resultado dos exames saírem.
Os exames saíram e eu ia precisar de uma transfusão de plaquetas e falei que só ia fazer se pegassem minha jugular, porque não pode fazer no cateter. A partir daí começou a novela para tentar puncionar a jugular... o enfermeiro veio junto com a enfermeira do banco de sangue e tentou, tentou, tentou umas 5 vezes e nada, eu estava quietinha concentrada porque sabia que era importante e eles não conseguiram. Chamaram um enfermeiro do bloco cirúrgico que tentou, tentou e tentou até que lembrei que estou tomando uma medicação que impede a formação de novos vasos e “desaparecem” com os que já temos. O papai abriu a porta do box para ver se estava tudo bem já que eu estava muito quieta e eu falei:
- Eles não vão conseguir pegar, eu estou tomando o Avastin.
Aí o enfermeiro pediu para tentar só mais uma vez e eu deixei. Ele tentou mais umas duas vezes e percebeu que eu estava muito quente e perguntou:
- "Você está com febre?"
- Acho que agora vocês me deixaram com febre, chega de tentar!
Eu realmente estava com febre e com muita dor no corpo. O plantão do tio Luiz já tinha acabado e quem estava atendendo a mamãe era o tio Paulo que tinha me internado a um ano e meio atrás quando comecei o tratamento. Até brinquei com ele sobre isso e pedi um remédio pra dor. Ele falou que se me desse o remédio, a febre ia abaixar e a gente não ia saber se era febre mesmo ou porque eu estava nervosa. Falei que era para me dar o remédio e me internar, porque eu não aguentava mais aquela dor e foi o que ele fez.
No dia seguinte, as plaquetas já estavam subindo sozinha, mas a imunidade e as hemácias estavam abaixando. A tia Carol foi me ver e falou que ia esperar mais um pouco. O papai sugeriu dar o noripurum (ferro) e como ele pode ser feito no cateter, a médica prescreveu.Perguntei como ia fazer se eu precisasse mesmo de uma transfusão e ela explicou que eu ia para o bloco cirúrgico para tentar uma veia mais profunda, o que eles chamam de acesso central, mas que não era para pensar nisso e também prescreveu o Granulokine para a imunidade.
No dia seguinte o tio Enaldo já tinha chegado de viagem e foi cedinho me ver. Os exames do dia ainda não estavam prontos e ele falou que eu ia fazer uma transfusão e perguntei como já que eu não tinha veia disponível e não podia pelo cateter. Ele riu e falou que ia esperar os exames, mas que não era para ter muita esperança com o ferro.
Ele também falou que essa resposta que eu estava tendo era excelente, sinal que o corpo estava respondendo bem a quimioterapia e matando todas as células!
Fique super feliz!!!
De tarde os exames já estavam prontos e as células tinham diminuído mais ainda. A tia Amanda é residente veio conversar comigo e falou que o tio Enaldo queria saber o que eu queria fazer, se eu ia esperar até o dia seguinte ou ir para o bloco de uma vez. Lembrei novamente do texto e vi que precisava novamente ir para o vale da coragem e falei que ia para o bloco.
A tia Amanda perguntou se eu já tinha alguma preferência por algum cirurgião e eu lembrei do tio Lucas que tinha atendido a mamãe a muuuuito tempo atrás quando achei que estava tendo rejeição do cateter e fui para o pronto socorro. Eu não lembrava o nome dele, mas tinha sentido muita confiança e na hora respondi que não conhecia nenhum, mas pensei nele e pedi a Deus com toda a minha força por ele.
Acabei pegando no sono, não sei quanto tempo demorou, mas de repente entrou no quarto um cirurgião que não vou lembrar o nome e o tio Lucas! Deus me ouviu, não acreditei, fiquei tão feliz que quase chorei!!! Só consegui perguntar:
- De onde você apareceu?
- "Me falaram que você precisa de um acesso central, vou colocar em você!"
- Você não lembra de mim, né? Há muuuuitos meses atrás você me atendeu no PS...
- "Lembro vagamente..."
Na verdade, não tinha importância se ele lembrava ou não, confiava nele e estava muito feliz de saber que ele ia me operar. Perguntei como seria a cirurgia e ele respondeu:
- "Vou conversar com o Enaldo e trocar uma idéia com uma equipe de cirurgião de São Paulo, vou ver se colocamos um PIC em você!"
- Desculpa Dr., eu fiz esvaziamento dos dois lados e não vou deixar você colocar o PIC não...
- "Por isso quero trocar essa idéia com eles, ver se eles tem experiência com isso."
- Mesmo se eles tiverem, outro dia levei uma picada de pernilongo no braço e fiquei 3 dias com ele enfaixado, só vou deixar se meu fisioterapeuta, minha mastologista e o Enaldo der uma autorização por escrito. rsrsrs...
Ele riu e falou que mais tarde a gente conversava, falou que ia fazer a cirurgia com anestesia local porque era tranquilo e bem mais rápido. Fiquei tensa, mas como confiava nele não questionei.
Demoraram muuuuuito para me chamar para o bloco, me chamaram já a noite e a tia Malu tinha ido me visitar, conversamos bastante e ela ficou orgulhosa porque não briguei com ninguém enquanto estavam tentando pegar a jugular e rimos bastante.
Eram quase 22:00 quando me buscaram e foi tão rápido, mas tão rápido que nem vi o tempo passar, falei para o tio Lucas que se eu precisasse internar novamente ia ligar pra ele quando estivesse indo para o hospital e ele já ia encontrar comigo lá para pegar a veia antes de qualquer um tentar.
Nem ponto ele deu e foi ótimo.
Precisei de 3 bolsas de sangue e precisava repor essas bolsas no banco de sangue do hospital e iniciei uma campanha na internet. A tia Lilian mandou para o tio Samuel do @gemeos.sqn, ele é muito influente e se tornou uma pessoa muito querida. Eles estavam com uma campanha muito legal sobre o Outubro Rosa e nos convidou para participar. Acredita que fomos parar nos painéis de led pela cidade inteira?
Fomos vistos por muita gente, mas te conto sobre as campanhas que fizemos para o Outubro Rosa depois!
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