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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Carta à minha primeira sobrinha...



"Era uma quinta feira, por volta das 16:00 quando seu pai me ligou, com um tom bem sério ele me disse: Sua irmã perdeu o bebê!
Aquela frase entrou em meus ouvidos, roubou minha fala, meu fôlego, e encheu meus olhos de lágrimas...
Cogitei não ser verdade, mas com uma coisa dessas não se brinca!
Um turbilhão de sentimentos e de questionamentos... Coube a mim e a seu tio Arthur a difícil missão de contar também para a sua avó e para sua bisavó!
Sua mãe veio para casa, recarregar as energias com a gente... com o aconchego da família... choramos, conversamos e por fim até rimos de algumas coisas! 
Desde o dia que soubemos que você viria ao mundo, você foi muito festejada... a Titia já te amava tanto quanto os meus!

Me segurei diversas vezes para não comprar milhões de laços e vestidos... sua mãe, comedida como sempre me "podava" várias vezes!
Já imaginava você com seus cachinhos lindos, passeando com a gente, dormindo na minha casa, e sendo mimada pela Lara... Theo com aquela paz e aquele sorrisinho te olhando admirado! 

Imaginei sua vó, feliz com seus três netos... a casa dela cheia... e a Bisa colecionando mais uma bisnetinha!

Mas não quero lamentar o que não vivemos, quero agradecer você por tudo que você nos proporcionou! 
Me mostrou que ainda tem amor dentro de mim para um serzinho que eu nem conheci, me mostrou que na vida não somos nós que escolhemos, é Deus! 
E se ele quis assim tem um propósito e a nós cabe aceitar!

Você reafirmou o que eu já sabia... que a sua mãe e seu pai são muito fortes... e tenho certeza que com você aprenderam a serem ainda mais! 
Eu sempre tive admiração por eles!
Mas era chegado o momento, você cumpriu sua missão aqui pequena, e na sexta feira, no fim do dia, a sua mamãe te viu... te conheceu... chorou... imagino que se despediu, mas encerrou!
Segundo as palavras do seu pai, você era perfeita! 
Naquele momento tive muita vontade de sair correndo para o hospital para te conhecer, te ver, procurar semelhanças... Mas não! Não fui! 
Prefiro te imaginar assim, como seu pai descreveu, perfeita!
Sei que você é muito pequenininha, mas mesmo assim quero lhe pedir um favor: Cuide da sua mãe de onde você estiver... mostre para ela que o sonho não acabou, mas está só começando... que ela sempre terá um anjo no céu olhando por ela! 
A faça forte! Guie seu pai! Seja uma luz na vida deles... seja aprendizado... 
Cecilia, seria seu nome... Nome de Santa, que pra mim agora é nome de Anjo!"

Titia te ama muito!
Desde sempre!




domingo, 18 de fevereiro de 2018

O que temos pra hoje é saudade!

"Somos todos visitantes desse tempo, desse lugar. 
Estamos aqui só de passagem.
 O nosso objetivo é observar, crescer, amar e servir...
E depois voltamos pra casa".

E novamente  estamos em luto: Vovô Hélio foi emprestar sua luz às estrelas do céu.  A ferida pela perda repentina do meu pai  estava  cicatrizando e, já  fomos  surpreendidos  pela partida do vovô paterno da Maria.
Na noite de despedida, Miguel, meu sobrinho e afilhado de 3 anos, me "pegou" chorando na varanda: "Dindinha, você está chorando de mentira, né?". Me perguntou mais cheio de certezas do que dúvidas. Infelizmente a Dindinha estava chorando de verdade. Abracei meu pequeno e prometi, em silêncio, ao meu sogro, que os netos não iriam, esquecê-lo. Um combinado que fiz, com minhas sobrinhas e minha filha, quando meu pai faleceu. Eu devia isso aos dois. Maria  teve e tem  os melhores  avós  do mundo. Cada um do seu jeito, deixou marcas  na memória e no coração da  minha pequena. Sou extremamente grata pelo carinho, tempo, paciência, amor e generosidade dedicados  à família.
Maria e Miguel  buscaram respostas que eu não soube dar. Pensei em ser forte, mas fui humana e fraquejei. Chorei com eles nos meus braços, pois  me vi, novamente, em um momento de extrema tristeza.
Meu sogro foi se despedindo aos poucos, estava hospitalizado, mas nem por isso, perdemos a esperança de vê-lo saudável novamente. Ele não escreveu livros, mas  teve filhos, netos, esposa  e plantou árvore, muitas árvores! Cativou  muitas pessoas em vida. Falava em metáforas, gostava de pessoas que olhavam nos olhos, cumprimentava a todos, gostava de papear, de "pitar" seu cigarro, tinha orgulho da família e do trabalho. Amou e foi amado . Deixou saudade em cada um que lhe conheceu. 
"Dudinha do ... vovô!" , dizia em alto e bom som. Misturava histórias  só para que Duda dissesse que estava trocando tudo. Os dois se divertiam com a confusão do vovô. Provavelmente, por isso, ela goste tanto do livro "Uma história atrapalhada", de Gianni Rodari. Uma história de um vovô que não sabe contar histórias e deixa a netinha e os leitores  rindo de suas confusões com o clássico "Chapeuzinho Vermelho."  E é assim que queremos nos lembrar dele: com alegria, com sabedoria, sem dor e sofrimento.
Sabe.... a morte é a única certeza que temos na vida, mas nunca estamos preparados para uma despedida tão longa. É doloroso, sofrido... Sempre ficam mais perguntas que respostas. E diante do que deveria ser natural, nos tornamos frágeis, queremos colo, braços, mãos... É fato que nunca estamos preparados para a morte, principalmente se tratando de um dos nossos pais. É uma grande adversidade que dificilmente superamos completamente. Mesmo sendo o destino de todos, a morte é uma grande incógnita. Não estamos preparados para um despedida tão longa. Somos egoístas e não queremos ir embora dessa grande festa que é a vida, mas um dia temos que partir.
Para as crianças, falamos que o vovô virou um estrelinha e que toda noite ele nos observa e ilumina todos os dias. Maria compreende melhor e dedica mais tempo e carinho à avó. Miguel sente muito a falta do avô, ás vezes faz perguntas, quer saber onde ele está. Nessas horas passa um filme na cabeça da gente: tantos momentos juntos, mas tantas coisas que queríamos planejar e viver... tantos abraços, beijos e palavras que deveriam ter sido dados, mas a vida não é feita de "se". Ela é urgente, presente.... feita de "agora" e também de saudade  do que foi, do poderia ter sido.

 E como disse Cora Coralina :
Não sei se a vida é curta ou longa para nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser: colo que acolhe,
braço que envolve, palavra que conforta,
silencio que respeita, alegria que contagia,
lágrima que corre, olhar que acaricia,
desejo que sacia, amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela não seja nem curta,
nem longa demais, mas que seja intensa,

verdadeira, pura enquanto durar.

#luto #despedidas #família

Miguel,Maria Eduarda e vovô

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Dia dos pais, dia da saudade!



“Parece que jamais serás a mesma e que nada mais terá sentido como antes, mas assim como é líquida essa tristeza, essas águas são dinâmicas e fluídas. Então deixa que as coisas se renovem, e que as perdas tenham mais de um sentido, que os vazios te ofereçam mais espaço, pra que a vida te compense com o impossível. E permita que a alegria se aproxime, e que traga mais calor para os teus dias, quando tudo nos parece um desolo, é possível ainda assim, ser poesia.Seja forte, siga em frente, respire fundo, e perceba a importância de se ter braços vazios, pra que se possa ter espaço em si para abraçar o mundo.”Marla de Queiroz